2018

Brasília/DF

Periférico

image da Atividade

Plano de Bairro Santa Luzia


Com o projeto Santa Luzia Resiste pretende-se reunir todos os trabalhos de pesquisa e extensão desenvolvidos até momento do Grupo de Pesquisa e Extensão “Periférico, Trabalhos Emergentes” e do Grupo de Pesquisa “Água e Ambiente Construído”, desenvolver material gráfico explicativo e promover Oficinas de Capacitação e contribuir na construção de Aud

  • Plano Popular/Comunitário

  • Pesquisas

  • Cartografia Social

Moradia

Assessoria

Nome do território popular

Santa Luzia

Ano da ocupação

1990

Estado

DF

Como a comunidade se identifica

Ocupação Informal

Como o estado identifica

Ocupação Informal

Área

450000m²



História

A ocupação informal da Chácara Santa Luzia inserida na Região Administrativa da Estrutural (DF) é fruto da autoconstrução de habitações com padrões de desenho urbano orgânico emergente e sofre com a ausência de infraestrutura num cenário precário e problemático. Surgida nos anos 1990 às margens da Estrutural, nos limites do Lixão, do Parque Urbano da Estrutural e do Parque Nacional de Brasília (reserva ambiental), Santa Luzia vive a “periferização da periferia”. Os moradores vivem em condições extremamente precárias, agravadas pelas constantes ameaças de remoção devido a sua localização, com a justificativa por parte do governo da contaminação do solo por causa do Lixão da Estrutural e por agravar o risco de degradação do Parque Nacional de Brasília. Devido ao impasse do contexto ambiental e à Ação Civil Pública (obrigação de desocupar a faixa de 300m de tamponamento do Parque), o governo fez uma proposta de conjunto habitacional para realocar os moradores do bairro, porém essa proposta não é adequada à realidade das famílias de Santa Luzia, tão pouco adequada para uma área de fragilidade ambiental. A Estrutural e o bairro Santa Luzia cresceram devido à instalação de catadores de lixo atraídos pelo lixão. Hoje ainda tem catadores, mas com a desativação do lixão em 2018, muitos tiveram que achar outros meios de subsistência.

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Caracterização social

  • número de famílias

    5000

  • Tamanho predominante das famílias

    sem informação

  • Existem dados sobre as idades?

    Sem informação

  • Existem dados sobre gênero?

    Sem informação

  • Existem dados sobre raças?

    Sem informação

  • Existem dados sobre escolaridade?

    Sem informação

  • Existem dados sobre renda?

    Sem informação

  • Renda média das famílias

    zero_um

  • Existem dados sobre Ocupação Laboral?

    Sem informação

  • Comente sobre as principais formas de ocupação laboral no território popular

    Catador(a) / Serviços gerais / Caixa no supermercado / comercio próprio / Autônomo / Vendedor(a)

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Organização popular

  • Existência de liderança

    sim

  • Nome da organização

    Associação dos moradores de Santa Luzia

  • Tipo de organização

    associacao_moradores

  • Outras informações sobre a organização

    Coletivo das Mulheres Poderosas

  • Formalização da organização

    informal

  • Descrição das principais atividades desenvolvidas

    Coletivo das mulheres poderosas: grupo de empreendedorismo social e de acolhimento feminino, que promove oficinas de capacitação para as participantes, geram fontes de renda e realizam atividades para a comunidade, o que fás a área ter muitos encontros sociais. Associação dos moradores: zelam para o andamento de várias questões e conflitos no bairro

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Caracterização Ambiental

  • Presença de Área de Proteção Ambiental (APP)

    parcial

  • Relação com área ambiental

    Risco de remoção por causa de conflito socioambiental de, entre outros, contaminação da unidade hidrográfica mais próxima, localizada no Parque Nacional de Brasília.

  • Risco ambiental

    assentamento_sob_solo_contaminado

  • Outras informações sobre risco

    Esgoto a céu aberto; Acúmulo de Lixo

  • Relação com corpos hídricos

    nao

  • Bioma do território

    cerrado

  • Bacia hidrográfica e caracterização da topografia

    Bacia hidrográfica local do Lago Paranoá, Bacia hidrográfica nacional do Paranoá.

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Caracterização Urbana

  • Abastecimento de água

    rede_comunitaria_autoconstruida

  • Outras informações sobre abastecimento de água

    Poço ou nascente; Cisterna

  • Esgotamento sanitário

    esgotamento_fossa_rudimentar

  • Outras informações sobre esgotamento

    Soluções alternativas (TVAP, Círculo de bananeira)

  • Pavimentação

    sem_pavimentacao

  • Existência de beco/viela não carroçável

    sem_informacao

  • Drenagem urbana

    sem_drenagem

  • Iluminação do espaço público

    ate_1_4

  • Energia elétrica domiciliar

    sem_informacao

  • Coleta de lixo

    sim_insuficiente

  • Outras informações sobre coleta de lixo

    6 papa lixos

  • Acesso à transporte público

    nao

  • Outras informações sobre transporte público

    A única linha existente foi suspensa

  • Acesso às instituições públicas de ensino

    nao

  • Outras informações sobre as instituições

    Creches improvisadas pelos próprios moradores

  • Acesso à serviços públicos de saúde

    nao

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Caracterização de Propriedade

  • Situação fundiária do território

    privada

  • Condição de propriedade do território

    ocupado

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Caracterização da Unidade Habitacional

  • Material construtivo predominante

    alvenaria

  • Outras informações sobre material construtivo

    madeirite

  • Tipo de ocupação predominante

    unifamiliar

  • Número de pavimentos predominante

    terreo

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Legislação

  • Legislação Urbana incidente ou Projeto Urbano

    Sobreposição de ZEIS no DF é ARIS (Área de Regularização de Interesse Social), ARIE (Área de Relevante Interesse Ecológico) e faixa de tamponamento impedindo a ocupação humana nas bordas do Parque Nacional de Brasília.

  • Zoneamento especial para fins de moradia social

    sim_area_total

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Acervo gráfico

Demandas Motivadoras

Associando os resultados dos diversos estudos realizados na ocupação Santa Luzia, o consenso é que, dado os impactos ambientais das regiões presentes dentro da micro bacia do Córrego Cabeceira do Acampamento, derivados do Lixão da Estrutural, Cidade do Automóvel e Área militar de treinamento de tiros e teste de bombas, os impactos ambientais derivados da ocupação Santa Luzia são mínimos, se restringindo à problemática da falta de saneamento e o descarte irregular de resíduos sólidos (falta de infraestrutura urbana pública básica), se mostrando inclusive positiva na retenção e tamponamento dos impactos ambientais circundantes. Ao fim e ao cabo, os trabalhos do projeto Santa Luzia Resiste procuram subsidiar um documento para futuras discussões de regularização fundiária sustentável almejada, bem como argumentar de maneira consistente e justificada os prós e contras da proposta que o Governo Distrital impõe aos moradores e sua retirada do local.

Dificuldades e Contradições

1. Tempo que demanda o projeto com participação popular. 2. Adaptação tempo do projeto com o semestre. 3. Mobilização dos moradores que já não acreditam muito mais em participação popular

Atividades desenvolvidas

  • Incursão
  • Reunião
  • Levantamento
  • Oficina
  • Oficina
  • Reunião
  • Oficina
  • Oficina
  • Oficina
  • Incursão
  • Reunião
  • Assembléia

Incursão

out 2018

Visitas com Grupo de Pesquisa

O local foi visitado durante o trabalho de campo dia 10/10/2018 e alguns registros foram feitos. Antes de entrarmos a chácara de Santa Luzia, passamos primeiramente no local onde já fora o aterro do Jóquei, ou lixão da Estrutural. Ouvimos relatos dos trabalhadores da SLU e do Conselho Tutelar que estão já no local onde era o antigo Lixão. Pudemos constatar que boa parte das montanhas de lixo que ali se encontravam já foram derrubadas e transportadas, ou dadas outro fim. De fato, ambientalmente, o espaço interno do Lixão encontra-se bem mais salubre. A entrada de pessoas, entretanto, encontra-se extremamente controlada e sendo assim não foi possível constatar mais nenhum trabalhador que não fosse aqueles dos órgãos do governo. Nenhum trabalhador informal foi visto.

Segundo um funcionário do Conselho Tutelar, antes do fechamento do Lixão, era comum que ali sempre estivessem muitas crianças, por conta dos catadores não terem condições nenhuma de deixa-las em casa, ou de pagar uma creche, ou pela simples razão dali ser uma forma de lazer para elas. Constata ele que houveram algumas mortes por acidentes que vez ou outra ocorriam ali, não somente de crianças, mas principalmente de muitos dos catadores. Algumas vezes, explosões devido à concentração de chorume, outras caminhões que não viam os trabalhadores, atropelando ou soterrando estes na hora do despejo. Um funcionário, engenheiro, da SLU-DF – Serviço de Limpeza Urbana do Distrito federal – explicou um pouco sobre as estruturas de funcionamento, atentando para o uso de lagos de chorume, que disse ainda não ser o ideal, mas pelo menos é uma forma de tardar ou diminuir a contaminação dos lençóis freáticos. Tendo como base a diferenciação de lixões, aterros controlados e aterros sanitários, podemos concluir, com base no que foi falado, que o local do lixão hoje caberia num parâmetro próximo de um aterro controlado.

Resultados

Percebeu-se dentre as vias principais que andamos dentro de Santa Luzia que o local possui bastante crianças, tanto na rua como em creches. As creches possuíam infraestrutura bem precária e muitas vezes as pessoas que trabalhavam no local eram pessoas voluntárias do próprio bairro. No entanto, com isso, podemos identificar uma positiva rede de relação de ajuda mútua, ao menos entre os moradores, em contraponto à falta de ajuda estatal e de outros locais do DF. A infraestrutura no geral é bastante precária. Sem saneamento básico, sem nenhuma drenagem adequada, sem asfalto. Nas vias que passamos – que vale ressaltar, foram as vias de principal circulação – a maioria das casas era de alvenaria, no entanto sem acabamento, mas haviam também algumas improvisadas de madeira, ou madeirite.

Desdobramentos

Primeiros contatos com a comunidade e atores chaves de Santa Luzia


Financiamento

Trabalho Militante


Atores envolvidos

Grupos de Pesquisa Periférico; Engenheiro SLU-DF; Funcionário Conselho Tutelar


Conteúdo da Atividade

Visitas ao Bairro Santa Luzia Fonte: Periférico, 2018
Visitas ao Bairro Santa Luzia. Fonte: Periférico, 2018

Reunião

nov 2018

Reuniões com Atores Chaves

14/11/18 - Nesta visita nos reunimos com o presidente da associação de moradores, o qual conhece na prática muitos dos problemas do bairro. Também nos mostrou, juntamente com um mapa que trouxemos, as questões de relevo que influenciam nas inundações e problemas de drenagem do bairro. Foram conversados tópicos como a questão do lixão e a localização do projeto habitacional da CODHAB, em frente a associação de moradores.

05/02/19 - Em reunião realizada na Biblioteca Central dos Estudantes, na UnB, com um ex-morador de Santa Luzia, foi conversado formas de articulação entre as diversas organizações presentes na comunidade, além de possíveis articulações com o governo. Foi apresentada a proposta de trabalho que se pretende desenvolver, por nossa parte, enquanto ele apresentou sua vivência e organização na comunidade, muito intensa e muito ligada às ONGs e outros grupos de assistência social. Graças a ele, obtivemos o contato de outros atores chaves para o processo. Também foi conversado alguns assuntos relacionados à comunidade em si, e também sobre o projeto da CODHAB.

19/02/19 - Esse encontro foi feito com o intuito de apresentar o trabalho para mais um ator chave, no caso a coordenadora do Centro de Desenvolvimento da Criança – CDC.

23/02/19 - Reunião realizada com uma representante da instituição Educamar, presente dentro da comunidade, e com outra representante do coletivo “Mulheres poderosas”.

Resultados

Apoio das Coordenações; Articulação para aplicação dos questionários: aplicá-los quando os pais das crianças estiverem vindo buscá-las; Oportunidade para aplicação dos questionários na instituição Educamar; Apoio da representante do coletivo “mulheres poderosas” e de uma das representantes do Educamar; Garantia de espaço físico com cadeiras, mesas, materiais de papelaria, energia elétrica para desenvolvimento dos trabalhos em Santa Luzia.

Desdobramentos

Identificação de atores chaves na comunidade, autorização de uso do espaço comunitário da Educamar para dar seguimento ao trabalho participativo


Financiamento

Trabalho Militante


Atores envolvidos

Grupo de Pesquisa Periférico; Moradores de Santa Luzia; Presidente da Associação de Moradores; Coordenadora do Centro de Desenvolvimento da Criança - CDC-DF; Representantes da Instituição Educamar e Coletivo "Mulheres Fortes"


Conteúdo da Atividade

Reunião de Pesquisadores e Profa. Liza com agentes chave. Fonte: Periférico, 2019

Levantamento

fev 2019

Aplicação de Questionários

No dia 24 de fevereiro, os questionários foram aplicados durante um bazar de alimentos realizado na Educamar pela manhã, ao longo da fila que se formava na área externa, contando com a ajuda de uma integrante da instituição. Foi um primeiro contato com um grande número de pessoas do bairro que estavam ali por acaso, sendo então uma oportunidade para ter uma visão mais ampla sobre os moradores e divulgar a oficina. Foram aplicados 28 questionários nesse dia.

Em 27 de fevereiro, foi a vez do CDC, Centro de Desenvolvimento da Criança, localizado a três ruas da Educamar. Nesse dia, foi necessário esperar o horário de saída das crianças, no qual os pais viriam buscar. Além dos pais, o questionário também foi feito com os voluntários e a coordenadora do local. Houveram menos pessoas do que da vez anterior.

No dia 3 de março não havia nenhum local de apoio específico e de atrativo de pessoas para aplicar o questionário, por isso acabaram sendo aplicados somente 8. Primeiramente tentou-se em uma lanchonete e bar localizados quase ao lado da associação de moradores, e logo em seguida em um salão de beleza, diga-se de passagem um tipo de comércio bastante comum em Santa Luzia. Apesar de não ter muito sucesso aplicando os questionários, conseguimos uma informação e uma parceria valiosa: a dona da lanchonete contou de um evento beneficente que aconteceria no Parque da Vila Estrutural, no sábado seguinte pela manhã, e que seria possível entrar. Além disso, ela também deu algumas dicas de como melhorar a comunicação do panfleto para as pessoas da região.

No sábado que antecedeu a oficina, no dia 9 de março, a intenção era mais uma vez a aplicação de questionários, e também a divulgação da oficina por meio de novos panfletos, agora em um formato mais adequado. Chegando no local e falando com as primeiras pessoas, entretanto, muitas delas estavam impaciente por conta da fila, e por isso também muito impacientes para responder perguntas. Por conta dessa repulsa, a divulgação da oficina passou a ser feita somente por meio dos panfletos e da conversa e os questionários foram deixados de lado.

Resultados

Os questionários foram desenvolvidos não somente com o intuito de se levantar dados, apesar desse ser muito importante, mas também para:

• Conversar com os moradores do bairro; • Sentir o contato, tentando entender quais são seus anseios e o seus porquês, e conhecer um pouco melhor as suas histórias; • Divulgar e convidar para a primeira oficina, de aproximação, entregando um panfleto ao final da entrevista; • Gerar insumos para as oficinas, baseado nas opiniões dadas durante o questionário.

Desdobramentos

Construção da Oficina de Aproximação a ser realizada no mesmo final de semana com a presença dos moradores


Financiamento

Trabalho Militante


Atores envolvidos

Grupo de Pesquisa Periférico; Moradores de Santa Luzia


Conteúdo da Atividade

Divulgação Oficina de Aproximação. Fonte: Periférico, 2019
Divulgação Oficina de Aproximação. Fonte: Periférico, 2019

Oficina

mar 2019

Oficina de Aproximação

Baseamos algumas atividades no livro publicado pela organização Fecomércio SP (2013)

Apresentação: esta primeira parte teve a apresentação dos integrantes com quatro perguntas: nome, há quanto tempo mora em Santa Luzia, como ficou sabendo da oficina e porque está ali. Houve um tempo de explicação do porque estamos ali e o que estamos fazendo, assim como os moradores fizeram. Foi explicado um pouco do trabalho do grupo de pesquisa e ação e do edital de extensão do polo Estrutural.

O que foi feito até aqui: nessa segunda parte, fizemos uma apresentação com fotos das visitas que foram feitas até aquele dia, mostrando também que foram feitos questionários e reuniões com pessoas da comunidade. O objetivo nesse momento era ganhar a confiança das pessoas que estavam ali.

Trabalho com mapas: Nessa etapa, fizemos três atividades relacionadas a mapas. A primeira se tratava de desenhar mapas cognitivos, ou seja, uma folha em branco era dada para cada pessoa, e essa pessoa tinha que desenhar o mapa do bairro, com o que lembrava de cabeça. Essa tarefa tinha o objetivo de obter mapas cognitivos com aquilo que os moradores primeiro se identificam. A segunda atividade, feita em grupo, consistiu em descobrir onde ficavam os locais onde foram tiradas as fotos e marcá-las nos mapas, e foi feita com o intuito de fazer as participantes interagirem e se ajudarem como grupo e também de verificar quão familiar é o mapa de Santa Luzia, se reconhecendo em um primeiro momento ali. Na última atividade o grupo tinha que delimitar o limite do bairro em conjunto. Essa última parte foi feita com o objetivo de ver a familiaridade das pessoas com mapas e também de compreender os critérios para definir os limites de Santa Luzia, entendendo que o bairro é um recorte antropológico, e não administrativo.

Momento expositivo: O início dessa parte da oficina tinha a intenção de debater o conceito de bairro, já que finalizamos a etapa anterior delimitando Santa Luzia no mapa. Logo em seguida, apresentamos o que seria um plano de bairro e mostramos o exemplo de Saramandaia, em Salvador, entretanto foi breve a explicação e logo depois tivemos que finalizar pois as pessoas já estavam cansadas. O planejado era ainda ter um momento expositivo para mostrar o projeto da CODHAB e um breve histórico da Estrutural e de Santa Luzia, o que deverá ser feito em outra oficina.

Resultados

Ao fazer mapas cognitivos, muitas pessoas caíram justamente na questão que havíamos alertado anteriormente e achavam que não seriam capazes de fazer. Tive que insistir no recado de que a oficina não tinha como objetivo testar ninguém, era apenas um exercício para nos fazermos pensar a respeito do lugar que habitamos. Na segunda atividade, na qual as pessoas deveriam acertar as localidades das fotos nos mapas, antes mesmo de qualquer explicação todos entenderam intuitivamente e começaram a fazer. Tiveram dificuldade somente em uma das fotos, e coletivamente pensaram onde ela estaria. Na última atividade, inevitavelmente, as pessoas acabaram usando como critério principal a regularização, ou seja, se é irregular e está na Estrutural, é Santa Luzia. Apenas uma participante definiu os limites com base em aspectos visuais, já que, segundo ela, “onde tem casa mais bonitinha é Estrutural”, e “aqui já começa uns barracos e lama, então é Santa Luzia”.

Na última atividade, com o intuito das pessoas desenharem coletivamente em pequenos grupos os limites do bairro, foi quase unânime a coincidência dos limites de Santa Luzia com os limites de área irregular. É bastante sabido que o bairro é um recorte antropológico, e não um limite administrativo, mas esse acontecimento não pode ser deixado de lado e traz importantes reflexões. Até que ponto o limite administrativo, quando se trata de uma área irregular, não afeta diretamente o contexto socioambiental, ao ponto de perceptivelmente se tornar uma fronteira? Além do mais, nota-se que mesmo que uma das participantes tenha usado como critério visual a delimitação do bairro, essa delimitação ainda foi bastante coincidente com as outras participantes. A delimitação de uma área tida como irregular pelo poder público traz carências coletivas: irregularidade nos serviços, no abastecimento de água, de energia, a falta de asfaltamento e de iluminação pública, assim como as estruturas privadas precárias, devido ao sempre presente temor de ser despejado. Importante adicionar as conversas tidas com moradores durante as outras visitas anteriores às oficinas. Em uma destas conversas, a coordenadora de uma das ONGs presentes em Santa Luzia contou um caso de um antigo administrador da Estrutural que tentou colocar cascalho em algumas pistas da área irregular, mas que, entretanto, teve que parar, pois passou a responder processos por conta disso. A fronteira irregular traz casa própria a um preço acessível, e maioria das vezes é a única forma viável para muitos grupos morarem. Percebemos, portanto, o quanto um limite administrativo pode incorrer em um recorte socioambiental.

Pode parecer banal, mas o que temos aqui são frutos mais preciosos de suas vivências. Os mapas cognitivos são feitos quase sem estímulos do mediador, com a tarefa de observar o que vem primeiro à tona para as participantes, e tem-se sempre que prestar atenção a esses elementos recorrentes.

Desdobramentos

Muitos moradores ficaram sabendo da oficina por meio de uma personagem chave do bairro, líder do coletivo “mulheres poderosas”, que fez questão de divulgar bastante a oficina e é muito articulada com os grupos de WhatsApp. Algumas moradoras disseram que estavam ali porque outras pessoas falaram que era importante. Ao fazer mapas cognitivos, muitas pessoas caíram justamente na questão que havíamos alertado anteriormente e achavam que não seriam capazes de fazer. Tive que insistir no recado de que a oficina não tinha como objetivo testar ninguém, era apenas um exercício para nos fazermos pensar a respeito do lugar que habitamos. Na segunda atividade, na qual as pessoas deveriam acertar as localidades das fotos nos mapas, antes mesmo de qualquer explicação todos entenderam intuitivamente e começaram a fazer. Tiveram dificuldade somente em uma das fotos, e coletivamente pensaram onde ela estaria. Na última atividade, inevitavelmente, as pessoas acabaram usando como critério principal a regularização, ou seja, se é irregular e está na Estrutural, é Santa Luzia. Apenas uma participante definiu os limites com base em aspectos visuais, já que, segundo ela, “onde tem casa mais bonitinha é Estrutural”, e “aqui já começa uns barracos e lama, então é Santa Luzia”.


Financiamento

Trabalho Militante


Atores envolvidos

Grupo de Pesquisa Periférico; Moradores de Santa Luzia


Conteúdo da Atividade

Apresentações durante Oficina de Aproximação. Divulgação Oficina de Aproximação. Fonte: Periférico, 2019
Apresentações durante Oficina de Aproximação. Divulgação Oficina de Aproximação. Fonte: Periférico, 2019
Mapa falado elaborado para apresentação de pontos focais no território. Apresentações durante Oficina de Aproximação. Divulgação Oficina de Aproximação. Fonte: Periférico, 2019
Mapa elaborado por moradores de Santa Luzia. Apresentações durante Oficina de Aproximação. Divulgação Oficina de Aproximação. Fonte: Periférico, 2019
Mapa elaborado por moradores de Santa Luzia. Apresentações durante Oficina de Aproximação. Divulgação Oficina de Aproximação. Fonte: Periférico, 2019

Oficina

mar 2019

Oficina de Mapeamento Comunitário 1: dimensão social e cultural

Essas atividades foram baseadas no trabalho de Pedro Ernesto, com a Vila Cahuí, juntamente com algumas diretrizes propostas pelo livro publicado pela organização Fecomércios SP (org., 2013).

Apresentação: haviam muitos integrantes novos na oficina e por isso se tornou necessário explicar novamente de forma breve quem sou eu e o que estou fazendo ali. Apresentamos os dois principais objetivos da oficina: mapeamento das atividades, com o intuito de entender o cotidiano dos moradores, e o estabelecimento das prioridades de desafios e oportunidades. Depois, passamos por uma breve recapitulação da última oficina, levantando a importância e os objetivos das atividades passadas. Foram reforçados os recados de conscientização, e especialmente enfatizado o fato de que o plano de bairro não significa regularização mas sim um argumento para mediação dos conflitos e um forma de mostrar alternativas, além de também ter sido reforçado que um bom trabalho depende da participação dos moradores. Por último, os integrantes do CASAS, Periférico e Polo de Extensão da Estrutural apresentaram seu papel ali e um dos trabalhadores da associação de moradores falou sobre o levantamento que pretendem fazer.

Mapeamento: nessa atividade, abrimos o mapa na mesa para iniciarmos os trabalhos e propusemos aos participantes marcarem no mapa do DF a localização de Santa Luzia para só depois pedirmos para irem marcando com post-its na planta da cidade da Estrutural que trouxemos as suas atividades, divididas nos seguintes temas: saúde, educação, lazer e trabalho.

Resultados

Mais do que conclusões ou reflexões, o que se conseguiu nessa oficina foram importantes informações que são acessíveis apenas a nível comunitário, e que um projeto elaborado pelo governo não procura nem alcança essa capilaridade – ou pelo menos nunca o fez em Santa Luzia. Se trata de um mapeamento de ações que colocam em primeiro plano as relações de vizinhança e necessidade e saberes locais. Tivemos um primeiro mapa do qual podemos tirar diretrizes para o plano de bairro. Com relação à educação, maior parte das crianças maiores já tem que ir para regiões fora de Santa Luzia. Maiores exemplos: Estrutural e Guará. Mapeamento de fenômenos observáveis e sentidos cotidianamente, como por exemplo, problemas com drenagem de água. As setorizações, ou regiões de vizinhança dentro de Santa Luzia: condomínio Natal, Bananal, “Fernando”, ou “atrás da Capital”. Trajetos dos ônibus coletivos e dos ônibus escolares. Localização dos serviços de saúde e educação.

Desdobramentos

Ao serem requisitados para marcarem no mapa mais geral onde se localizava Santa Luzia, os participantes tiveram dificuldades de achar. Entretanto, essa dificuldade acabou servindo para aglomerar todos que estavam sentados para coletivamente tentarem solucionar essa questão. Fomos marcando a localização do SCIA, do PNB, da via estrutural, das cidades satélites vizinhas e outras demais localidades que pudessem ajudar. Quando chegada a hora de mapear as atividades, os participantes não se ativeram muito aos temas nem às cores dos post-its, mas isso acabou resultando em uma atividade muito mais espontânea onde, além de marcarem involuntariamente locais relacionados aos temas, também colocaram informações no mapa de nível comunitário que nem mesmo os mediadores esperavam. Colocaram sub-setorizações estabelecidas ao nível dos moradores e da comunidade; locais onde há problemas com escoamento de água na época da chuva; e até mesmo locais de violência. O único momento em que tivemos que intervir foi para perguntar onde seus filhos estudavam, para conseguirmos informações referentes à educação; e onde iam quando precisavam de médicos, ou quando alguém de sua família precisava. Os participantes se sentiram tão à vontade e a atividade estava gerando um processo tão rico que achamos melhor não prosseguir para a atividade seguinte e continuar ali.


Financiamento

Trabalho Militante


Atores envolvidos

Grupo de Pesquisa Periférico; Moradores de Santa Luzia


Conteúdo da Atividade

Participação de moradores de Santa Luzia na Oficina de Mapeamento. Fonte: Periférico, 2019
Construção de mapeamento colaborativo. Fonte: Periférico, 2019

Reunião

mar 2019

Entrevista: infraestruturas verdes

No domingo do dia 31 de março, estivemos em grupo novamente com integrantes do CASAS, do Periferico e do Polo de Extensão da Estrutural para a realização de mais uma oficina, cujo tema seria infraestruturas verdes para os desafios ligados à água no bairro, parte da pesquisa de uma das integrantes do grupo de extensão. Nessa oficina entretanto quase nenhuma moradora apareceu, o que nos fez mudar os planos e transformar a oficina em uma entrevista gravada com as duas únicas moradoras que estiveram presentes. Os motivos para a ausência das pessoas foram debatidos um pouco depois que chegamos com o grupo, as moradoras e dois voluntários da Educamar, e chegamos às seguintes conclusões:

• Havia ocorrido um bazar solidário no mesmo local, evento que reúne muitas famílias – nesse dia, 107 mais especificamente. Provavelmente as famílias estavam cansadas e todas as tarefas domésticas que deveriam fazer pela manhã deixaram para fazer no período da tarde. • Uma semana entre uma oficina e outra é muito pouco tempo para divulgação e pode ser desgastante. • Não houve divulgação corpo a corpo entre a oficina anterior e esta.

Desdobramentos

A entrevista proporcionou uma valiosa troca, na qual os principais temas tocados foram:

• As consequências de ter um frágil direito à moradia, como de não poder viajar ou melhorar a estrutura da casa. • Opiniões sobre o “minhocão”, prédio projetado pelo governo, como: conflitos de usos e de compartilhamento de espaço entre moradores com maneiras muito diferentes; espaço para animais domésticos e plantas; famílias numerosas que não caberiam no espaço.


Financiamento

Trabalho Militante


Atores envolvidos

Integrantes do CASAS; Periférico; Polo de Extensão da Estrutural


Conteúdo da Atividade

Entrevista realizada pela Profa. Liza com moradores de Santa Luzia. Construção de mapeamento colaborativo. Fonte: Periférico, 2019

Oficina

abr 2019

Oficina Meio Ambiente e Infraestruturas Verdes

Para a atividade programada para o domingo do dia 14 de abril, reunimos como grupo de estudantes desenvolvendo trabalhos de pesquisa e extensão em Santa Luzia, sendo os outros dois estudantes integrantes do grupo do Polo Estrutural: Julia Figueiredo e Guilherme Nery. A oficina foi programada para ter enfoque em infraestruturas verdes, então foram delineados como principais objetivos:

• Entender melhor quais são os principais problemas pelos quais o bairro passa para lidar com a falta de infraestrutura de: drenagem pluvial, abastecimento de água potável, esgotamento e resíduos sólidos;

• Compreender quais são as soluções adotadas pelas moradoras do bairro;

• Apresentar e debater sobre possíveis implementações de infraestruturas verdes.

Resultados

À medida que a conversa fosse seguindo, tentávamos refletir sobre a implementação de infraestruturas verdes. Como é de costume, a oficina acabou abrangendo muitos outros assuntos também de interesse ao plano de bairro, mas que iriam além do foco destinado àquela atividade, o que acabou gerando importantes insumos e diretrizes. Dentre os temas tocados durante a conversa, estavam:

• A organização por meio de representantes de rua como forma de dar mais capilaridade à organização do bairro e conseguir atingir de forma mais efetiva que somente por meio da associação.

• As consequências ambientais de Santa Luzia ficar na baixada de toda Estrutural, portanto recebendo toda a água pluvial que não é absorvida.

• Sobre as questões relacionadas à gestão de resíduos sólidos, foi exposto a organização feita por meio de carroceiros, que recolhiam o lixo das casas e eram remunerados por meio de uma pequena mensalidade paga pelos moradores.

• Ainda sobre resíduos sólidos, as participantes falaram sobre os papa-lixos e também da importância de um investimento na educação ambiental.

• Um minhocário que existia na Estrutural, que funcionou durante um tempo.

• Reutilização da água da chuva para outras tarefas domésticas por conta de algumas moradoras.

• Reutilização de pneus para a construção de sumidouros.

• Descarte de materiais recicláveis por meio de catadores ou pessoas da própria rua que trabalham em cooperativas ou trabalhavam no Lixão e ainda tem sua renda a partir da reciclagem, gerando uma forma de economia solidária.

• Soluções dadas com relação à água da chuva, que costumam invadir as casas.

• Sobre o histórico de violência no bairro, que diminuiu bastante nos últimos anos.

Desdobramentos

O formato adotado partiu mais de uma roda de conversa, para deixar as moradoras mais à vontade. A princípio, o roteiro adotado para a atividade foi o seguinte:

• Primeiramente, houveram os primeiros recados de conscientização, como estava havendo em todas oficinas, seguidos de uma breve introdução ao que é o plano de bairro e o que havia sido feito nos encontros passados, para as pessoas que estivessem presentes pela primeira vez.

• Depois, houve uma apresentação geral sobre o histórico ambiental da região da Estrutural e sobre o que seriam as infraestruturas verdes.

• Por último, haveria a roda de conversa, para que as moradoras expusessem os problemas ambientais e de falta de infraestrutura os quais o bairro enfrenta, assim como quais são as medidas adotadas por elas.


Financiamento

Trabalho Militante


Atores envolvidos

Educamar; Integrantes do CASAS; Periférico; Polo de Extensão da Estrutural


Conteúdo da Atividade

Oficina Soluções Ambientais
Apresentação de Alunas integrantes do Periférico na Oficina Soluções Ambientais. Fonte: Periférico, 2019
Oficina Soluções Ambientais

Oficina

mai 2019

Oficina de Mapeamento Comunitário 2: dimensão ambiental

O intuito dessa oficina era mapear, por meio do conhecimento tácito dos sujeitos do bairro, todas as questões perceptíveis visualmente para a comunidade no nível ambiental, tanto aquelas percebidas como negativas – desafios – como aquelas percebidas como positivas – oportunidades. Devido aos encontros passados, nos quais pudemos reparar que uma das potências do bairro seria a associação com atuais ou antigos catadores – o que já houvera mas não existia mais –, sugerimos na mediação o mapeamento de cooperativas ou residências onde haveriam catadores mais engajados.

A parte introdutória da oficina teve como sempre o objetivo de apresentar o grupo e as intenções do plano de bairro, mas muito brevemente prosseguimos para o mapeamento já que muitos dos sujeitos estavam familiarizados com o nosso trabalho. Os assuntos centrais instigados pelos universitários e pelos moradores foram:

• Principais pontos de acúmulo de lixo

• Pontos onde já existe papa-lixo

• Áreas onde o papa-lixo está sendo mais necessário

• Moradias ou locais de trabalho de catadores autônomos, assim como cooperativas

• Ruas com acúmulo de esgoto e águas cinzas

• Ruas com maior histórico de enchentes ou áreas com presença de grandes poças em períodos de chuva

• Áreas onde é perceptível a ocorrência de odores desagradáveis, e de onde eles vêm.

• Pontos de referência para a orientação de alguns moradores, como: protótipo da CODHAB, Igreja Católica, praça da CAESB (Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal), Educamar e Capital Recicláveis, esta última sendo uma das maiores empresas de reciclagem presente no local.

Desdobramentos

Dessa forma, conseguimos gerar um mapa bastante rico das principais fragilidades e potências do bairro para lidar com a questão ambiental. Primeiramente, em oficinas passadas, além de debatermos sobre as principais infraestruturas verdes, tivemos uma conversa com os moradores para entender as principais soluções feitas de forma autônoma. A partir dessa oficina, então, temos um diagnóstico coletivo rico o suficiente para começar a gerar propostas de fato. Vale ressaltar, por último, que durante esta e outras oficinas, reuniões e conversas, muitos moradores convergiram seu ponto de vista em alguns níveis com relação ao que deve ser o bairro de Santa Luzia em termos de meio ambiente e de infraestrutura de urbanização, assim como temas voltados para a regularização, tangendo sempre a questão das remoções e da proteção da área de tamponamento do parque. Dessa forma, algumas diretrizes já são possíveis de serem delineadas para apresentação futura.


Financiamento

Trabalho Militante


Atores envolvidos

Educamar; Integrantes do CASAS; Periférico; Polo de Extensão da Estrutural


Conteúdo da Atividade

Mapa elaborado na Oficina de Mapeamento
Mapa Comunitário elaborado em parceria com moradores. Fonte: Periférico, 2019
Mapa elaborado na Oficina de Mapeamento
Mapa elaborado na Oficina de Mapeamento
Mapeamento Comunitário - Dimensão Ambiental
Mapeamento Comunitário - Dimensão Ambiental
Mapeamento Comunitário - Dimensão Ambiental
Mapeamento Comunitário_Dimensão Ambiental

Oficina

jun 2019

Oficina de Mapeamento Comunitário 3: dimensão social, cultural e econômica

Essa oficina, que teve como principal meta o mapeamento comunitário levando-se em conta princípios da dimensão social e econômica, principalmente, acabou gerando insumos para além: moradores começaram a identificar fatores que diziam respeito a qualidades referentes às dimensões culturais, e conseguimos inclusive suscitar debates com relação a localização do parque linear, que serviria para trazer uma área verde para a população e uma zona de respiro entre o Parque Nacional e o bairro. Fizemos a oficina de forma que pudéssemos suscitar incialmente uma conversa a respeito dos tópicos que iriam ser trabalhados, de forma sucinta, para que em seguida já pudesse ser realizado o mapeamento pelos sujeitos. Os principais pontos que procurávamos mapear inicialmente eram:

• Principais atividades econômicas diurnas, tais como: lanchonete, restaurantes, mercearias, madeireiras e padarias.

• Locais com atividades de lazer

• Qualidades de certos espaços, como demarcação de lugares pouco frequentados à noite.

• Espaços que fazem parte de uma rede de atividades solidárias locais, como as igrejas evangélicas, creches, ONG’s, e a fábrica social, espaço de capacitação da população local

Resultados

A partir do momento em que foi se dando o mapeamento, entretanto, os sujeitos da comunidade se apropriaram de tal forma da ferramenta colocada que também passaram a apontar outras questões relacionadas, o que foi enriquecedor para o diagnóstico coletivo. A atividade, dessa forma, acabou por extrapolar temas da própria dimensão econômica e social e também tangenciou questões relacionadas à dimensão cultural. Como foi dito no capítulo referente à metodologia, as dimensões da sustentabilidade servem como um guia, e como foi desenvolvido na seção de cartografia social, a apropriação da ferramenta pelos sujeitos é o sinal de que de fato aquela cartografia estará servindo à comunidade, e não como forma de colonização epistemológica. Para tanto, os mediadores nesse processo devem sempre se atentar para não tornar a metodologia muito rígida e respeitar a fluidez de como se desenvolve o diagnóstico coletivo.

Desdobramentos

Desse modo, finalizamos a etapa de mapeamentos comunitários, gerando três mapas fruto da contribuição coletiva de uma parte da população de Santa Luzia. A partir desse diagnóstico coletivo, será possível situar as soluções que podem e devem ser dadas em determinadas situações. Os mapas, entretanto, não são os únicos insumos das oficinas. Como vamos ver adiante, o debate e o espaço de construção política gerados a partir dessas atividades trouxeram questionamentos importantes do ponto de vista dos moradores, e mais do que isso, propostas e diretrizes.


Financiamento

Trabalho Militante


Atores envolvidos

Educamar; Integrantes do CASAS; Periférico; Polo de Extensão da Estrutural


Conteúdo da Atividade

Oficina de Mapeamento 3
Interação entre moradores e pesquisadores Periférico na Oficina de Mapeamento 3. Fonte: Periférico, 2019
Oficina de Mapeamento 3
Oficina de Mapeamento 3
Mapa com ícones_Santa Luzia
Indicação de pontos focais com ícones. Fonte: Periférico, 2019

Incursão

jun 2019

Visita às Cooperativas Construir e Sonho por Liberdade

No dia 21 de junho, fizemos uma visita à duas cooperativas da região, depois de passar em um ferro-velho. A primeira cooperativa, que conta com o apoio estatal e surgiu por conta do fechamento do Lixão, é o local de trabalho de uma moradora de Santa Luzia que tem sido bastante participativa nas oficinas do plano de bairro, Poliana. Por já ter trabalhado com catação desde muito tempo, dentro do Lixão inclusive, ela pôde nos mostrar um pouco desse histórico, das dificuldades e das diferenças pelas quais os catadores passaram nessa transição. A segunda cooperativa é receptora de madeira de segunda mão – aquela que já não pode ser reaproveitada para construção e maior parte de outras atividades e iria direto para o rejeito. O seu fundador, Fernando, procura acolher sempre pessoas da comunidade, principalmente jovens e ex-presidiários, com o intuito de ajudar homens que teriam dificuldade arranjar empregos em outros locais.

As entrevistas tiveram como intuito compreender: • O papel dessas cooperativas na geração de renda e de economia solidária dentro da comunidade

• O papel desses agentes (entrevistados) com a comunidade

• As relações de trabalho dentro desses espaços, e a forma como esses trabalhadores se organizam

• Como o fechamento do Lixão afetou o trabalho nessas cooperativas e qual é a opinião dos entrevistado acerca desse fato

Resultados

Com a primeira entrevistada, Poliana, fomos até o seu local de trabalho, em galpões recém disponibilizados pelo governo na política adotada durante o fechamento do Lixão, próximos à Capital recicláveis. Assim, na primeira entrevista, sinteticamente foram tocados como principais temas:

• Funcionamento da Cooperativa

• O papel da coleta seletiva e o processo de triagem na esteira

• Condições de trabalho e renda

• Organização dos trabalhadores

• Participação do Estado

A cooperativa Sonho de Liberdade foi a segunda visitada nesse dia e tem um histórico que vem de muito antes do processo de fechamento do Lixão. Ela foi fundada por um morador da região que é conhecido como “Fernando da bola”, por ter começado a partir do trabalho de fabricação de bolas a partir da reutilização de resíduos com jovens infratores. Durante a entrevista, um amigo seu que estava presente no momento, Marco, também fez algumas intervenções. Alguns dos temas tocados foram:

• Histórico de Santa Luzia

• Cidade do automóvel

• Funcionamento da Cooperativa

•Conflito políticos dentro e fora da comunidades

• Fechamento do lixão

Desdobramentos

Os insumos gerados com essas entrevistas não serviram somente para ampliar as bases para a elaboração do plano de bairro, como também de outros trabalhos de diplomação realizados em Santa Luzia e que darão continuidade para o plano.


Financiamento

Trabalho Militante


Atores envolvidos

Periférico; Integrantes Cooperativas


Conteúdo da Atividade

Grupo de cooperadas em atividade
Grupo de cooperadas em atividade. Fonte: Periférico, 2019
Local de depósito de papelões
Local de depósito de papelões. Fonte: Periférico, 2019
Local de depósito de madeira
Local de depósito de madeira. Fonte: Periférico, 2019

Reunião

jul 2019

Entrevista com Carroceiro da Região

No dia 7 de julho de 2019, foi realizada uma entrevista com um carroceiro da região em virtude de outro trabalho de diplomação que está sendo desenvolvido no presente momento pelo estudante Guilherme Nery, continuidade do plano de bairro com enfoque na questão da gestão de resíduos no bairro. Dentre os assuntos tocados, podemos destacar:

• Associação de catadores e carroceiros e sistema de carteirinhas e de placas

• As adaptações espaciais no espaço doméstico por conta do seu ofício, como a garagem da carroça e local seguro para o cavalo ficar

• O fechamento do Lixão, que se posicionou de maneira contrária em virtude do impacto na renda dos carroceiros e dos outros trabalhadores da região. Em outro momento, fala da diversidade de comércios que fecham a partir dessa medida, e lamenta.

• A relação de trabalho com a SLU e outros órgãos do governo, como a AGEFIS (Agência de Fiscalização do DF)

• O sistema de coleta de lixo feito em parceria entre a associação de carroceiros e uma gestão anterior da associação de moradores. Segundo o entrevistado, o resultado era visível, apesar dele não ter feito parte dessa cooperação diretamente.


Financiamento

Trabalho Militante


Atores envolvidos

Periférico; Carroceiro


Conteúdo da Atividade

Entrevista com carroceiro
Entrevista com carroceiro. Fonte: Periférico, 2019
Entrevista com carroceiro

Assembléia

set 2019

Semana Universitária - Mesa sobre Regularização Fundiária Sustentável

Durante a semana universitária da Faculdade e Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília, FAU-UnB, foi agendada uma roda de conversa entre agentes do governo, especificamente técnicos da CODHAB responsáveis pelo desenvolvimento do projeto habitacional para a população de Santa Luzia, agentes da universidade, neste caso estudantes, professores e pesquisadores do CASAS, escritório modelo de arquitetura e urbanismo da faculdade, e o Periférico: trabalho emergentes, grupo que desenvolve seus trabalhos de conclusão de curso a partir da perspectiva de um arquitetura inclusiva e de emancipação para territórios periféricos. Por último e mais importante, trouxemos as participantes mais ativas das oficinas realizadas em Santa Luzia, para que pudessem ter a oportunidade de verem o desenvolvimento do projeto desenvolvido pelo Estado, o qual lhes tem sido negado insistentemente esse direito.

Resultados

Por fim, outra questão que foi bastante debatida girou em torno dos custos do projeto, que chegariam a cerca de 160 milhões, estimativa feita ainda nesta fase. A comunidade presente, na mesma hora em que recebeu essa informação, disparou murmúrios de desilusão. Ficou nítida então a inviabilidade financeira de se levantar um projeto do zero para acomodar toda a população, sem se aproveitar nenhuma área do que já existe. A roda de conversa finalizou com a continuidade dos debates após a apresentação dos técnicos do governo, um importante momento, enfim, da comunidade ter acesso ao que de fato estava sendo desenvolvido para o futuro do seu território.


Financiamento

Trabalho Militante


Atores envolvidos

Periférico; Técnicos CODHAB; Estudantes, professores e pesquisadores do CASAS, Moradores de Santa luzia


Conteúdo da Atividade

Participação de Moradores de Santa Luzia
Participação de Moradores de Santa Luzia. Fonte: Periférico, 2019
Participantes da Mesa
Participantes da Semana Universitária e Mesa sobre Regularização Fundiária. Fonte: Periférico, 2019