2015

Belo Horizonte/MG

Natureza Política

image da Atividade

Projeto Parque das Ocupações


O nome “Parque das Ocupações” surge em 2015, em um encontro entre Leonardo Péricles (MLB) e professoras Natacha Rena e Marcela Brandão ̶ integrantes do grupo de pesquisa Indisciplinar e docentes da Escola de Arquitetura e Urbanismo da UFMG ̶ no qual discutiu-se a importância de inserir a pauta ambiental na luta pela moradia, tendo em vista a pr

  • Cartografia Social

  • Regularização Fundiária

  • Formação

  • Projetos Participativos

  • Plano Popular/Comunitário

  • Incidência Política

Moradia

Assessoria

Nome do território popular

Ocupações Eliana Silva e Paulo Freire

Ano da ocupação

2012

Estado

MG

Como a comunidade se identifica

Vale das Ocupações

Como o estado identifica

Vale do Jatobá

Área

50.000m²



História

O Distrito Industrial do Jatobá foi criado pelo poder municipal de Belo Horizonte no intuito de incentivar a implantação de indústrias na região e de gerar novos empregos. Terrenos foram doados com esse compromisso, mas muitos deles foram vendidos a terceiros, inaugurando um esquema de grilagem e especulação imobiliária na região. Em 2008, os movimentos sociais de luta pela moradia ocuparam alguns desses terrenos, configurando assim o Vale das Ocupações, composto atualmente pelas Ocupações Eliana Silva, Paulo Freire, Nelson Mandela, Camilo Torres, Irmã Dorothy e Horta. A ocupação Eliana Silva ocorreu em dois momentos e em dois locais diferentes, ambos nas margens da avenida Perimetral do distrito industrial do Vale do Jatobá, no bairro Santa Rita. A primeira tentativa, num terreno público, envolveu 150 famílias, número que aumentou nos primeiros dias. Ela começou em 21 de abril de 2012, mas foi mitigada dia 11 de maio de 2012, com o argumento de que se tratava de uma Zona de Preservação Ambiental (ZPAM). A segunda tentativa, num terreno particular, vago havia décadas, envolveu cerca de 250 famílias. Ela se iniciou em 24 de agosto de 2012 e ainda está em curso. O terreno da segunda ocupação é classificado como ZE, zona também predominante no seu entorno imediato, ao lado de Zonas Especiais de Interesse Social (ZEIS). (COAU - CORPORAÇÃO DE OFÍCIO DE ARQUITETURA E URBANISMO) Na Ocupação Paulo Freire, suspeita-se que o terreno ocupado possua a mesma origem de propriedade dos terrenos da Camilo Torres e Irmã Dorothy, portanto, áreas públicas de propriedade do Estado de Minas Gerais, repassadas à iniciativa privada como forma de fomento ao crescimento industrial na região. Passados mais de 20 anos, nenhuma destas áreas foram utilizadas para qualquer iniciativa produtiva. (BITTENCOUT, R.; NASCIMENTO, D.; GOULART, F., 2016)

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Caracterização social

  • número de famílias

    600

  • Existem dados sobre as idades?

    Sem Informação. Território não reconhecido pelo Poder Público.

  • Existem dados sobre gênero?

    Sem Informação. Território não reconhecido pelo Poder Público.

  • Existem dados sobre raças?

    Sem Informação. Território não reconhecido pelo Poder Público.

  • Existem dados sobre escolaridade?

    Nas pesquisas feitas para criar a última turma do EJA (educação de jovens e adultos), obteve-se que na ocupação Eliana Silva a escolaridade média das pessoas é ensino fundamental (entre 5ª e 6ª série), enquanto na ocupação Paulo Freire há um número maior de adultos analfabetos. Informação disponibilizada pelo MLB.

  • Existem dados sobre renda?

    Na ocupação Eliana Silva, a renda média das famílias chega a um salário mínimo. Na ocupação Paulo Freire, a renda é menor, não chega a um salário. Informação disponibilizada pelo MLB.

  • Renda média das famílias

    zero_um

  • Existem dados sobre Ocupação Laboral?

    Nas pesquisas feitas para a Rede de Solidariedade do MLB no Vale das Ocupações (em que estão as ocupações Eliana Silva e Paulo Freire), 80% das pessoas não tinham carteira assinada. Desta forma, a maioria vive de trabalho informal ou está desempregada. Informação disponibilizada pelo MLB.

  • Comente sobre as principais formas de ocupação laboral no território popular

    Sem Informação. Território não reconhecido pelo Poder Público.

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Organização popular

  • Existência de liderança

    sim

  • Nome da organização

    MLB - Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas

  • Tipo de organização

    movimento_social

  • Formalização da organização

    formal

  • Ano de formação da organização

    1999

  • Descrição do perfil da liderança

    O trabalho do MLB é organizado em coordenações, existem as coordenações nacional, estadual, metropolitana, municipal e em cada ocupação temos também as coordenações da ocupação e coordenadores das ruas. Nesse sentido, são várias as lideranças que constroem o trabalho do movimento, existem as que moram nas ocupações (na Eliana Silva e Paulo Freire, por exemplo) e também lideranças que são de outros territórios. Em suma maioria são lideranças mulheres, negras, que foram se tornando lideranças a partir da luta pela própria moradia. Informação disponibilizada pelo MLB.

  • Descrição das principais atividades desenvolvidas

    O MLB surgiu em 1999 concomitantemente em Belo Horizonte e Recife, mas uma parte da sua história começou anos antes em Belo Horizonte, com a ocupação Vila Corumbiara, em 1996, organizada por militantes que fundaram o MLB, como a companheira Eliana Silva. O movimento continuou atuando em Belo Horizonte durante todo esse período e ganhou nova força a partir de 2012, quando foi organizada a Ocupação Eliana Silva, também em BH.

    O Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) é um movimento social nacional que luta pela reforma urbana e pelo direito humano de morar dignamente. Somos um movimento formado por milhares de famílias sem-teto de todo o país vítimas da ação predatória da especulação fundiária e imobiliária. Acreditamos que a reforma urbana é um meio, um instrumento; ela faz parte da luta maior da classe trabalhadora para construir uma sociedade diferente, com igualdade, dignidade e direitos para todos: a sociedade socialista.

    Para o MLB, a luta pela moradia é o motor principal da luta pela reforma urbana, pois através dela conseguimos mobilizar milhares de pessoas, pressionar os governos e chamar a atenção para os problemas enfrentados pelo povo pobre nas grandes cidades. Nesse sentido, tem importância fundamental a organização e realização das ocupações. A ocupação educa o povo para a necessidade de lutar organizado e desenvolve o espírito de trabalho coletivo. Ocupar é um ato de rebeldia, de confronto com a ordem estabelecida, de questionamento à sagrada propriedade privada capitalista. Logo, enquanto morar dignamente for um privilégio, ocupar é um dever!” Informação disponibilizada pelo MLB.

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Caracterização Ambiental

  • Presença de Área de Proteção Ambiental (APP)

    parcial

  • Relação com área ambiental

    O Projeto Flexibilizado (PFlex) Parque das Ocupações foi uma disciplina desenvolvida no primeiro semestre de 2016 sob orientação da professora Marcela Brandão, na qual estudantes do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFMG se envolveram em questões acerca da luta pelo direito à moradia e pela preservação do verde, presentes no contexto das ocupações urbanas Eliana Silva e Paulo Freire, situadas na regional Barreiro do município de Belo Horizonte.

    A metodologia da disciplina se embasou na construção de cartografias coletivas das potencialidades locais e das práticas cotidianas de tais ocupações, com foco na relação dos moradores com o verde. Diversos levantamentos foram feitos pelos alunos com o apoio do grupo de pesquisa, entre eles: mapas dos dados físicos do Vale das Ocupações, relativos ao relevo; microbacias hidrográficas; limites da Área de Preservação Permanente; legislação de uso e ocupação do solo; classificação viária; acessos; pontos de ônibus; velocidade dos ventos; equipamentos públicos; mercados e sacolões; adensamento da mata; geologia; caminhos presentes entre as ocupações e entorno; e principais destinos no bairro.

    Há presença de nascentes e canais fluviais na região, e de acordo com as leis do Conama não é permitido ocupar a 50 metros de nascente e 30 metros do leito do rio. Ao analisar os mapas foi possível perceber que as indústrias da região ferem mais a lei que a própria ocupação.

    As nascentes e os córregos são contribuintes da bacia do Rio Arrudas.

    Os córregos são utilizados pela população para banhos.

    Os equipamentos públicos se localizam em áreas estratégicas limítrofes à área de proteção ambiental.

  • Risco ambiental

    escorregamento

  • Outras informações sobre risco

    Erosão; Acúmulo de Lixo.

  • Relação com corpos hídricos

    sim

  • Bioma do território

    cerrado

  • Bacia hidrográfica e caracterização da topografia

    Há presença de nascentes e canais fluviais na região, contribuintes da bacia do Rio Arrudas. O território do Vale das Ocupações possui afluentes do Rio das Velhas, com destaque para o córrego Olaria.

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Caracterização Urbana

  • Abastecimento de água

    rede_geral_publica

  • Outras informações sobre abastecimento de água

    Rede Comunitária Autoconstruída

  • Esgotamento sanitário

    rede_publica_esgoto

  • Outras informações sobre esgotamento

    Soluções Alternativas (TVAP, círculo de bananeira, etc)

  • Pavimentação

    sem_pavimentacao

  • Existência de beco/viela não carroçável

    nao_se_aplica

  • Outras informações sobre beco/viela

    Vias planejadas e projetadas antes da ocupação

  • Drenagem urbana

    sem_drenagem

  • Iluminação do espaço público

    mais_metade

  • Outras informações sobre iluminação

    Ocupação Paulo Freire - Rede Autoconstruída; Ocupação Eliana Silva - CEMIG

  • Energia elétrica domiciliar

    rede_publica

  • Outras informações sobre energia elétrica

    Ocupação Paulo Freire - Rede Autoconstruída

  • Coleta de lixo

    nao

  • Acesso à transporte público

    nao

  • Acesso às instituições públicas de ensino

    sim

  • Outras informações sobre as instituições

    Creche Tia Carminha, construída na Ocupação Eliana Silva pelo Movimento Olga Benário.

  • Acesso à serviços públicos de saúde

    sim

  • Outras informações sobre os serviços

    Posto e Centro de Saúde Vila Pinho

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Caracterização de Propriedade

  • Situação fundiária do território

    publica_privada

  • Condição de propriedade do território

    ocupado

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Caracterização da Unidade Habitacional

  • Material construtivo predominante

    alvenaria

  • Outras informações sobre material construtivo

    Soluções de vedação (Inventos) em madeira e outros materiais

  • Tipo de ocupação predominante

    unifamiliar

  • Número de pavimentos predominante

    um_a_tres

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Legislação

  • Legislação Urbana incidente ou Projeto Urbano

    AEIS-2 regiões não edificadas, subutilizadas ou não utilizadas. Há também no Vale a incidência de outros zoneamentos (Zona de Grandes Equipamentos - ZE; Zona de Preservação Ambiental - ZPAM; ADE Interesse Ambiental).

  • Zoneamento especial para fins de moradia social

    sim_area_parcial

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Acervo gráfico

Mapa Vale das Ocupações
Mapa Vale das Ocupações
Localização Ocupações Paulo Freire e Eliana Silva
Localização Ocupações Paulo Freire e Eliana Silva
Ocupação Paulo Freire
Ocupação Paulo Freire
Ocupação Eliana Silva
Ocupação Eliana Silva
Vista Vale das Ocupações
Vista Vale das Ocupações
Ocupação Eliana Silva
Ocupação Eliana Silva

Demandas Motivadoras

Entendendo que a hibridação dessas duas pautas – a luta pela moradia e pela preservação do verde – é de grande importância nas cidades, o grupo de pesquisa, por meio do Programa de Extensão Natureza Política, iniciou uma ação extensionista pautada pela oposição à narrativa hegemônica de criminalização sofrida pelas ocupações por moradia localizadas ao lado de áreas de preservação ambiental, ampliado, no caso em questão, pela existência de disputa pelo espaço com o setor industrial. A nomeação “Parque das Ocupações”, então, foi feita a partir de uma intenção política clara, a de se associar a luta por moradia à questão ambiental, sem colocá-las em polos opostos, numa tentativa de complexificar essa relação e assim, propor a construção de uma urbanização mais sustentável e justa para os territórios populares autoconstruídos.

Dificuldades e Contradições

Uma das nossas dificuldades tem a ver com participação e temporalidades diferentes de cada participante. Outra dificuldade diz respeito à falta de recursos para subsidiar transportes e outras despesas. Quanto às contradições, um ponto importante a se mencionar é quanto a ocorrência de ações que até mobilizam moradores na hora da sua realização, mas que não se efetivam de fato ao longo do tempo. Na prática, os interesses não são coletivos todo o tempo e as identidades são várias e difusas, afinal nenhum grupo de vizinhança é uma comunidade a priori, esse é um processo em constante movimento e transformação (BARTHES, 2003). No caso das ocupações, o sentimento de comunidade é, muitas vezes, acionado a partir da construção coletiva de algum equipamento urbano, que pode funcionar como convocação para um grupo de pessoas se unirem em torno de um objetivo comum, em busca de um sentimento de grupalidade e/ou de pertencimento, mesmo que transitório e em transformação. Entretanto, essa grupalidade é continuamente confrontada com o sentimento real de incerteza da posse da terra e de uma possível e iminente expulsão do território ocupado.

Atividades desenvolvidas

  • Incursão
  • Cartografia Social
  • Produto
  • Formação
  • Produto
  • Produto
  • Produto
  • Produto
  • Produto
  • Formação
  • Incidencia política
  • Formação
  • Oficina
  • Formação

Incursão

mar 2015

Primeira visita à Ocupação Paulo Freire

Nesse encontro, surgiu o nome “Parque das Ocupações”, iniciando um processo de construção de um imaginário em torno da ideia do parque, considerado desde esse momento como sendo toda a área de preservação ambiental e todas as ocupações urbanas. A nomeação “Parque das Ocupações" teve, assim, uma intenção política direta: associar a luta por moradia à questão ambiental, sem colocá-las em polos opostos, numa tentativa de complexificar essa relação.

Resultados

Ainda no primeiro semestre de 2016, o tema do parque foi levado para dentro da Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), por meio da disciplina de projetos “Parque das Ocupações do Barreiro”. A disciplina foi iniciada com mapeamentos coletivos, no intuito de se fazer uma cartografia compartilhada com os moradores, para dar visibilidade às práticas cotidianas em ação no território das ocupações. A partir dessa cartografia, os alunos desenvolveram propostas, incorporando as potencialidades e dando respostas às fragilidades ali identificadas.

Desdobramentos

Como primeiro desdobramento pode-se mencionar a participação das lideranças do MLB, Leonardo Péricles e Poliana Souza, de um encontro promovido pela Rede Verde, que na ocasião era composta pelos principais movimentos ambientais de Belo Horizonte e região.

O segundo desdobramento foi em fevereiro de 2016, quando ocorreu o evento Verão Arte Contemporânea (VAC)[2] em Belo Horizonte. O evento, que já pertencia ao calendário oficial da cidade e contava com o grupo de pesquisa Indisciplinar na curadoria dos debates sobre arquitetura e urbanismo, teve naquele ano a temática “Natureza Urbana e a produção do comum”. Vários movimentos sociais com pautas diversas ̶ luta pela moradia, preservação do verde e preservação do patrimônio histórico e cultural ̶ foram convidados a participar de uma mesa redonda e de um circuito às ocupações urbanas do Barreiro. O objetivo era justamente pôr em prática a reflexão acerca do conflito entre os movimentos de luta pela moradia e de preservação do meio ambiente, a partir do caso do Parque das Ocupações do Barreiro. Pode-se dizer que esse foi o primeiro momento em que a pauta da moradia para a população de baixa renda foi incluída nas discussões sobre o meio ambiente, realizadas durante o evento.


Financiamento

Público e Privado


Atores envolvidos

Profa. Marcela Brandão e Natacha Rena; Lideranças Ocupação Paulo Freire; Moradores; Militantes MLB


Conteúdo da Atividade

Foto da visita de membros do grupo Indisciplinar à Ocupação Paulo Freire. Fonte: Natureza Política, 2015
Foto da visita de membros do grupo Indisciplinar à Ocupação Paulo Freire
Visita às ocupações do Barreiro. Fonte: Natureza Política, 2015
Visita às ocupações do Barreiro. Fonte: Natureza Política, 2015
 Encontro da Rede Verde. Fonte: Natureza Política, 2015
Encontro da Rede Verde. Fonte: Natureza Política, 2015

Cartografia Social

fev 2016

PFLEX "Parque das Ocupações"

A metodologia da disciplina se embasou na construção de cartografias coletivas das potencialidades locais e das práticas cotidianas de tais ocupações, com foco na relação dos moradores com o verde. Dessa forma, os alunos, divididos em quatro grupos de três a quatro pessoas cada um, desenvolveram inicialmente mapeamentos aéreos, ou seja, com pontos de vista distanciados, passando pelo estudo de dados e informações preexistentes. Entre os mapas produzidos pelas equipes estão: o de declividades do Parque das Ocupações, o dos trajetos/trilhas e suas classificações viárias e o de equipamentos públicos, serviços, pontos de ônibus e pontos de reciclagem próximos.

Já a primeira ação no sentido de entender o Parque das Ocupações, foi a elaboração de uma maquete física do território. Ela serviu como uma ferramenta dialógica para que moradores e alunos identificassem, por meio de ícones, cada local e sua altimetria, assim como a presença de água, lixo, canteiros, hortas e residências. Fios de barbante e outros itens maleáveis foram utilizados para identificar os percursos mais utilizados pelos moradores.

Resultados

A partir da cartografia colaborativa e do levantamento dos dados físicos do território, foi possível elencar diretrizes para o parque, visando a contra invasão do verde na ocupação, considerando a hibridação do verde natural da reserva, com o verde produtivo identificado nas hortas, pomares e jardins cartografados nos quintais e frentes das casas. Foram, então, desenvolvidas propostas contemplando a urbanização das ruas por meio de calçamento permeáveis e ruas compartilhadas entre pedestres e automóveis; parquinho, micro praças e parques de bolso em áreas não construídas localizadas em pontos estratégicos; hortas em muros e fachadas em locais que os quintais foram substituídos pela expansão das casas; plantio de agroflorestas nas fronteiras das ocupações e área de preservação; sedes para cooperativas de produtos das hortas coletivas.

O desafio atual é o da criação de um imaginário associado à ideia de um “devir-parque” junto aos moradores, a partir das heterotopias cartografadas relativas às práticas ecológicas (hortas, pomares, jardins ornamentais, reciclagem) já em ação no território. Além disso, a potencialização de um imaginário em torno do Parque deverá ser engendrada a partir dos moradores que já têm o cultivo incorporado no cotidiano, percebidos pelo grupo como importantes multiplicadores e ativadores de todo o processo ambiental a ser potencializado na região.

Com o término da disciplina, o projeto paisagístico e arquitetônico do parque passou a ser desenvolvido pelo grupo de professores e alunos integrantes dos projetos de extensão “Natureza Urbana” e “Artesanias do Comum”, resultando em um caderno, o "Caderno Parque das Ocupações". O caderno foi entregue à coordenação do MLB em março de 2017, e usado como instrumento de negociação junto ao poder público do município.

Desdobramentos

As propostas produzidas pela disciplina e pelo grupo de pesquisa foram desdobradas na extensão, no intuito de se pleitear a inserção desse território na discussão de uma política pública ambiental a ser constituída para a região.

Para tal, consideramos que o primeiro ponto do projeto foi tornar evidente a relação positiva existente no local entre ocupações e natureza fortalecendo o Parque. No intuito de se quebrar a dicotomia parque (natureza) versus ocupação (social), o grupo desenvolveu a proposta de arborização das ocupações criando a contra invasão do verde. Por meio de um verde produtivo associado às árvores protegidas por lei, busca-se agregar legislação ambiental com a permanência da ocupação. Estão sendo propostas, na arborização, árvores protegidas por lei, portanto imunes de corte por sua representatividade ou raridade, o que dificulta o corte das mesmas e consequentemente dificulta a desocupação da área das habitações. Como essas árvores crescem devagar, serão associadas a elas frutíferas de crescimento mais rápido visando sombra e consumo tanto dos moradores como da fauna presente no local.


Financiamento

Público e Privado


Atores envolvidos

Estudantes e Professoras do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFMG; Moradores das Ocupações Eliana Silva e Paulo Freire


Conteúdo da Atividade

Maquete Física Parque das Ocupações. Fonte: Natureza Política, 2016
Maquete Física Parque das Ocupações. Fonte: Natureza Política, 2016
Atividade com Maquete Física junto às Ocupações. Fonte: Natureza Política, 2016
Atividade com Maquete Física junto às Ocupações

Produto

abr 2016

Caderno Parque das Ocupações

Desdobramentos

Entende-se que a discussão sobre a hibridação das pautas da luta da moradia e preservação do verde precisa ser ampliada também junto ao meio acadêmico, e, por isso, o Parque das Ocupações do Barreiro tem sido tema de artigos apresentados em congressos como: Contested Cities, em Madri (Espanha); Arquisur, em Santiago (Chile) e em eventos como: 4ª Semana do Meio Ambiente do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de Minas Gerais (IFMG), em Santa Luzia (Brasil); Transformar Cidades a Muitas Mãos na Escola de Arquitetura e Urbanismo da UFMG, em Belo Horizonte (Brasil); Cidades Invisíveis, em Goiânia (Brasil); e no encontro BRAGFOST 2017 (Alemanha).


Financiamento

Público


Atores envolvidos

Professoras e Bolsistas do Natureza Política


Conteúdo da Atividade

Formação

fev 2017

Participação do Subcomitê da Bacia Hidrográfica do Ribeirão Arrudas

Como efeito da articulação da academia com movimento social e poder público, destaca-se que, em fevereiro desse mesmo ano, o projeto do parque foi inserido na pauta do Subcomitê da Bacia Hidrográfica do Ribeirão Arrudas, graças à participação da professora Luciana Bragança (coordenadora do projeto “Natureza Urbana”) e de Cristiano Abdanur (técnico da COPASA) como representantes nesse subcomitê. Desse modo, o projeto do Parque pôde participar de dois editais abertos ali, sendo um para a preservação de uma das nascentes contidas no território, e o outro para a arborização das ruas das ocupações.

Desdobramentos

Fortalecimento da parceria do Projeto Parque das Ocupação com o Poder Público (COPASA; Subcomitê da Bacia do Rio Arrudas)


Financiamento

Público


Atores envolvidos

Sub-comitê da Bacia Hidrográfica do Ribeirão Arrudas; professora Luciana Bragança (coordenadora do projeto “Natureza Urbana”); Cristiano Abdanur (técnico da COPASA)


Conteúdo da Atividade

Reunião entre MLB, COPASA e Indisciplinar. Fonte: Natureza Política, 2017
Reunião entre MLB, COPASA e Indisciplinar
Reunião entre MLB, COPASA e Indisciplinar

Produto

mai 2017

Projeto Rádio Comunitária

A oficina foi acionada pela demanda de implementação de uma rádio comunitária na Ocupação Eliana Silva, cuja proposta era ventilada desde o início da parceria do MLB com o grupo PRÁXIS, em função de uma possível doação de equipamentos de rádio para o movimento, e da instalação da sede da biblioteca comunitária em uma casa da ocupação. Além disso, os coordenadores do MLB acreditavam que a instalação de uma rádio ali seria de suma importância para a amplificação da discussão política pretendida pelo movimento Entretanto, o equipamento nunca apareceu, e a sede da biblioteca mal dava para abrigar as atividades relacionadas com os vários livros adquiridos por meio de doações, por conta de trincas e infiltrações recorrentes, e da falta de “mediadores” de leitura para mantê-la em funcionamento.

Quanto ao papel dos projetos de extensão “Mídias Comunitárias” e “Diálogos” e do projeto de pesquisa “Dispositivos de mobilização social”, os bolsistas dos projetos se envolveram em duas frentes: o desenvolvimento de um projeto arquitetônico para a nova sede da rádio biblioteca da Eliana Silva, e o acompanhamento das atividades da oficina de rádio no projeto “Desembola na Ideia”.

A primeira frente trabalhou a partir de pressupostos participativos, com a construção de instrumentos dialógicos: 1)-jogo de imagens, para se ampliar o repertório arquitetônico de todos os envolvidos nas discussões; 2)- jogo de palavras, para se definir a listagem dos espaços, dimensões e atributos espaciais associados; 3)- maquete física, para fomentar as discussões sobre as relações coletivo-público, relações de vizinhanças e subsidiar as definições espaciais. Ao final dessas dinâmicas, os bolsistas desenvolveram três estudos preliminares, com a mesma metragem, mas com soluções projetuais e construtivas diferentes.

A segunda frente de ação foi realizada por meio do acompanhamento das oficinas de rádio pela bolsista do projeto “Mídias Comunitárias”, já que a intenção era promover, junto à formação técnica dos jovens, discussões sobre o direito à moradia e o papel dos movimentos de luta, a produção do espaço das ocupações e a ideia de pertencimento desses jovens, do direito à cidade e as fronteiras e interdições percebidas e vividas por eles, etc. Imaginávamos que tais discussões poderiam ser incorporadas às pautas dos programas que iriam ser veiculados pela rádio, dando visibilidade aos conflitos existentes no território, mas também fortalecendo os processos solidários e colaborativos engendrados na produção do espaço das ocupações. As oficinas contemplaram atividades voltadas tanto para a formação técnica dos jovens, quanto para promoção de discussão sobre questões sobre território, comunicação e juventude.

Desdobramentos

No final de 2016, surgiu a possibilidade de uma parceria do MLB com a Associação Imagem Comunitária (AIC), articulada pela coordenação do projeto de extensão do grupo de pesquisa Práxis (EA-UFMG/CNPq) “Mídias comunitárias na produção política do espaço”. A partir dessa parceria, os jovens das ocupações Eliana Silva e Paulo Freire passaram a frequentar uma oficina de formação em rádio comunitária, oferecida pelo projeto “Desembola na ideia”, que, com a distribuição gratuita de vales transportes, pôde garantir o deslocamento desses jovens da região do Barreiro, sul do município, ao Plug Minas, localizado na regional Leste.


Financiamento

Terceiro Setor


Atores envolvidos

Jovens das ocupações Eliana Silva e Paulo Freire; Grupo PRÁXIS; Projeto de extensão “Mídias comunitárias na produção política do espaço”; Projeto de extensão “Diálogos”; Projeto “Desembola na ideia” (AIC); UJR; MLB; Plug Minas.


Conteúdo da Atividade

Processo de elaboração do projeto arquitetônico da sede da rádio comunitária da Eliana silva
Processo de elaboração do projeto arquitetônico da sede da rádio comunitária da Eliana silva. Fonte: Natureza Política, 2017
Processo de elaboração do projeto arquitetônico da sede da rádio comunitária da Eliana silva
Processo de elaboração do projeto arquitetônico da sede da rádio comunitária da Eliana silva. Fonte: Natureza Política, 2017
Processo de elaboração do projeto arquitetônico da sede da rádio comunitária da Eliana silva
Oficina Edição de músicas
Oficina Edição de músicas. Fonte: Natureza Política, 2017
Rota do deslocamento dos jovens da Ocupação Eliana Silva
Rota do deslocamento dos jovens da Ocupação Eliana Silva

Produto

mar 2017

Participação no Concurso VI Bienal José Lutzenberger

A inscrição da proposta em concursos de arquitetura e urbanismo, como o realizado pela VI Bienal de Sustentabilidade José Lutzemberger, permitiu levar o Parque das Ocupações para outro território de disputa de narrativas acerca de uma metodologia de projeto que busca potencializar experiências já presentes no território. A proposta de arborização, por exemplo, não partiu dos critérios comumente adotados para a escolha das árvores, seguindo outra direção, na qual o grupo envolvido no desenvolvimento do projeto optou por uma arborização francamente política, baseada em três critérios.

O primeiro se refere às árvores nativas para as áreas de fronteira com a APP (Área de Preservação Permanente), com o objetivo de recompor a vegetação suprimida do Parque, não só pelas ocupações, mas principalmente pelas indústrias que se instalaram na região. Como segundo critério, foram inseridas também as chamadas “árvores de lei”, tendo em vista que seu corte é regulado por legislações ambientais que dificultam sua supressão. Essas foram implantadas nas vias principais das ocupações que permitem vegetação de grande porte. Por último, foram propostas as “árvores dos afetos”, que são árvores frutíferas empregadas em vias menores e que buscam estabelecer uma relação afetiva com os moradores, a partir dos cheiros e sabores que já estão presentes em seus respectivos cotidianos ou em histórias previamente mapeadas.

O eixo voltado às águas das ocupações apresenta diversidade semelhante à proposta de arborização, adotando soluções distintas para as diferentes águas ali presentes. A preservação das três nascentes presentes na área foi priorizada, e a criação de piscinas naturais a partir dos cursos d’água que permeiam o território foi possível como forma de viabilizar o lazer de crianças e adultos, constituindo um espaço público de interação com a natureza. A proposta foi inspirada pelos relatos de um poço criado por um dos moradores da região, e que acabou sendo apropriado por crianças que ali nadavam nos dias quentes.

Para as vias, foram adotadas diferentes soluções de drenagem, pavimentação e mobiliário, partindo das especificidades de cada uma (inclinação, largura, acesso). Desse modo, optou-se pela pavimentação permeável de blocos intertravados nas ruas que permitiam esse tipo de material, enquanto a usual pavimentação asfáltica tornou-se restrita às vias que necessitam de fluxo de automóveis mais pesados. Essa sugestão, juntamente com a indicação de um mobiliário urbano para compor as calçadas, procuram manter o sistema de ruas compartilhadas que existe nas ocupações e que costuma se perder nas cidades formais que priorizam os automóveis.


Financiamento

Público


Atores envolvidos

Alunos e Professoras do Natureza Política; Caio Nepomuceno, Mayumi Amaral, Marcus Barbosa e Octávio Mendes, Marília Pimenta; Miguel


Conteúdo da Atividade

Visão geral Proposta Projeto Paisagístico e Urbanístico
Visão geral Proposta Projeto Paisagístico e Urbanístico. Fonte: Natureza Política, 2017

Produto

ago 2017

Disciplina "Comunicação Visual: o Edifício e a Cidade"

A experiência buscou discutir o encontro entre os humanos e não-humanos e os seus encadeamentos na constituição da paisagem da cidade bem como de seus equipamentos, mobiliários e serviços, apresentando a comunicação visual como uma ferramenta prospectiva e de informação do cotidiano, capaz de gerar possibilidades e processos de intervenção. Nesse sentido, a disciplina, em decorrência da aplicação de um processo investigativo, teve como resultado a criação de sinalizações urbanas — córrego, árvores, plantas, nome de ruas e numeração de casas — para o Vale.

O primeiro exercício teve como objetivo a compreensão do território e, sobretudo, a forma como é estabelecida a relação entre diferentes atores humanos e não-humanos. Para isso, os alunos foram incentivados a questionar e aprimorar suas habilidades de pesquisa, comunicação elucidativa e produção descritiva. Sendo assim, em um primeiro momento, foi realizada uma pesquisa que abordasse os modos de comunicação na cidade, cujo processo indagativo esteve atrelado à coletânea e interpretação de dados culturais, ambientais, e físico-geográficos. Em seguida, essas informações foram discutidas e, posteriormente, sintetizadas por meio da elaboração de diagramas, gráficos, mapas temáticos, tabelas e análises críticas.

O segundo exercício desenvolvido pelos alunos, baseado na cartografia produzida, teve como objetivo propor sinalização para o local com: família tipográfica, Textos, Iconografia, símbolos, pictogramas, logotipos e confeccionar a sinalização

Resultados

O primeiro exercício teve como resultado a elaboração de diagramas, gráficos e mapas temáticos da área com construção de narrativas e estudo de possibilidades para a proposta de sinalização. Dessa forma, optou-se pela construção de narrativas que fossem capazes de atrelar as esferas previamente questionadas a partir do destaque desses atores: pessoas, água, vegetação, cultivo, animais, moradia e luta.

Foi proposto um Sistema Gráfico Ambiental, como desenvolvimento da sinalização indicativa do Vale das Ocupações, constituída pelas placas com os elementos do território. Foi proposto também a criação das placas das ruas e de números em acrílico das casas. A numeração foi desenvolvida segundo a legislação e tem como objetivo garantir um endereço e servir de base para a Regularização Fundiária.

Desdobramentos

Com o objetivo de garantir o direito básico a um endereço e reforçar o entendimento de que a luta pela moradia e o meio-ambiente não são excludentes, essas placas de numeração foram inseridas nas casas da ocupação Paulo Freire em 2018, mediante uma ação promovida no território pela extensão.


Financiamento

Público


Atores envolvidos

Equipe Natureza Política; Alunos dos cursos de Design e de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Minas Gerais; Ocupação Paulo Freire.


Conteúdo da Atividade

Numeração de habitações na Ocupação Paulo Freire
Numeração de habitações na Ocupação Paulo Freire. Fonte: Natureza Política, 2017
Mapeamento Ocupação Paulo Freire
Mapeamento Ocupação Paulo Freire. Fonte: Natureza Política, 2017
Comunicação Visual_ o Edifício e a Cidade
Comunicação Visual_ o Edifício e a Cidade. Fonte: Natureza Política, 2017

Produto

ago 2017

PFLEX "Arquitetura Desobediente - MLBus"

No segundo semestre de 2017, através de uma articulação feita pelo grupo da pesquisa "Resíduos Sólidos" com uma empresa vizinha às ocupações do Barreiro, a VINA, foi feita uma doação de um ônibus da empresa para o MLB que, apesar de antigo (foi fabricado em 1994), estava em perfeitas condições para realizar os deslocamentos que o movimento necessitava para suas ações de militância. O “direito à cidade” experimentado por jovens que participaram de uma ação extensionista anterior, que foram as oficinas de rádio, poderia ser ampliado, e isso foi percebido pelo movimento como sendo um ganho enorme para a luta pela moradia.

Em reuniões entre a coordenação dos projetos de pesquisa e extensão e a coordenação do movimento, definiu-se que a transformação do ônibus deveria ser feita buscando a ampliação do seu uso, ou seja, quando estivesse estacionado — o que deveria acontecer com frequência, ele deveria acolher outras atividades importantes para os moradores das ocupações. Por meio de um processo participativo, envolvendo coordenação e moradores das ocupações, iniciado por meio de um mapeamento coletivo sobre as práticas já em ação ali e que poderiam ser articuladas pelo ônibus, foi desenvolvido um projeto arquitetônico, que acolheu tanto a função óbvia de transporte e mobilidade urbana, quanto a realização de bazares, de reuniões e de atividades culturais, que poderiam ser realizadas no seu interior ou no seu entorno imediato.

Por fim, houve a alteração estética da carcaça do ônibus, no intuito de se criar uma identidade visual para o coletivo. Palavras foram pintadas, sob a forma de um skyline, nas laterais do ônibus, pelos próprios alunos, com o apoio dos funcionários da VINA, que também disponibilizou tintas e equipamentos de pintura. Em fevereiro de 2018, o ônibus foi entregue ao MLB, em um café da manhã comemorativo, que contou com a presença dos moradores, lideranças, representantes da VINA, estudantes e professores da Escola de Arquitetura.

Desdobramentos

Durante um ano, o ônibus circulou pela cidade, coletando assinaturas para a formação de um partido político, a Unidade Popular pelo Socialismo (UP), promovendo bazares e atividades de formação política, e levando os moradores às reuniões, manifestações e sessões de cinema no centro.

Entretanto, além de tantas coisas positivas que aconteceram envolvendo o ônibus, problemas mecânicos apareceram. Diante da preocupação do ônibus não se transformar em um “presente de grego”, a VINA realizou uma revisão geral com as devidas reparações que o veículo necessitava. Em reunião realizada em março de 2019, na qual estavam presentes representantes da universidade, empresa, movimento e comunidade, houve uma nova entrega do ônibus.

Nessa reunião, além da “garantia de um ano” dada pela empresa, foi feito um balanço das dificuldades encontradas pelo movimento na manutenção mecânica e na administração do ônibus. E para que o movimento pudesse criar diretrizes de operação do coletivo, foi acordado com a equipe da VINA um curso de logística para um integrante do MLB e um curso profissionalizante de mecânica para dois moradores das ocupações, visando assim a autonomia do movimento para a manutenção e demais assuntos mais técnicos relativos ao funcionamento do ônibus.


Financiamento

Público e Privado


Atores envolvidos

Estudantes do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFMG; Profa. Marcela Brandão; Profa Luciana Bragança; MLB; Moradores das Ocupações Eliana Silva e Paulo Freire; VINA; Unidade Popular pelo Socialismo.


Conteúdo da Atividade

Visita Paulo Freire - Dispositivos de diálogo
Visita Paulo Freire - Dispositivos de diálogo
Ônibus doado pela VINA
Ônibus doado pela VINA
Entrega do ônibus
Entrega do ônibus
Café da manhã comemorativo da entrega do MLBus
Café da manhã comemorativo da entrega do MLBus
Entrega do MLBus
Entrega do MLBus
Cartaz de divulgação
Cartaz de divulgação

Produto

fev 2018

Disciplina "Desenho Técnico I" - Mobiliário MLBus

Durante a disciplina Desenho técnico I, ministrada pela professora Luciana Bragança no curso de Design da UFMG, os alunos exercitaram sua capacidade de representação em croqui, planejamento de montagem elaborado a partir dos croquis produzidos, capacidade de construção de objetos usando desenho técnico como ferramenta, representação técnica construída a partir de objeto tridimensional. É proposta, a cada semestre na disciplina, a construção do objeto como forma de entender a representação e sua finalidade. Os objetos são definidos por demandas da comunidade, e no segundo semestre de 2017 trabalhou-se com as demandas dos moradores do Vale das Ocupações. Os alunos trabalharam com as possibilidades de sentar, expor, vender, armazenar, transportar, e produziram mobiliários que acompanham o MLBus. A proposta da disciplina é inverter esse caminho. Ao se fazer isso, o objeto tridimensional ajuda o aluno a construir um entendimento físico do processo, já que o objeto a ser representado está lá e a projeção do mesmo em diedro deixa de ser tão abstrata. Isso torna a compreensão do processo de fabricação mais incorporada ao processo de projeto. Assim, uma linha representada deixa de ser uma linha e passa incorporar significados de fabricação como: serrar, parafusar. Tal inversão ainda diminui a distância entre a representação e a construção.

Desdobramentos

Utilização dos mobiliários construídos em disciplinas para realização de um Bazar organizado pelo MLB.


Financiamento

Público


Atores envolvidos

Alunos de Design UFMG; Profa. Luciana Bragança; MLB


Conteúdo da Atividade

Móveis concluídos ao lado do MLBus
Móveis concluídos ao lado do MLBus. Fonte: Natureza Política, 2018
Processo de produção dos mobiliários
Processo de produção dos mobiliários. Fonte: Natureza Política, 2018
Móveis concluídos ao lado do MLBus
Móveis concluídos ao lado do MLBus

Formação

ago 2018

Início da arborização na Ocupação Paulo Freire

Dentro do projeto Parque das Ocupações, a arborização das ruas vias e dos espaços coletivos das ocupações tem como proposta a promoção do que se denominou “contra-invasão do verde”, no intuito de subverter com humor e ironia o entendimento do senso comum que as pessoas que ali moram são invasores e oportunistas.

O poder público, por meio de um técnico da concessionária de água e esgoto de Minas gerais, a COPASA, aderiu ao projeto, e conseguiu uma doação de oitenta mudas pela concessionária e pela ONG Boi Rosado, o que permitiu que, em novembro de 2018, fosse iniciada a arborização das ruas na Ocupação Paulo Freire. Essa ação também contou com o departamento socioambiental da VINA, através da participação ativa da sua bióloga e com a doação de paliçada para a drenagem no fundo dos berços cavados para o plantio das mudas.

Resultados

Em novembro de 2018, para a preparação do plantio, foi realizada uma dinâmica com uma fala da bióloga da VINA empresa, trilha pela matinha da VINA com reconhecimento de espécies nativas da região, jogo e maquete do território, ambos construídos pelas equipes da pesquisa "Resíduos sólidos" e Programa de Extensão Natureza Política, para fomentar discussões com os moradores das ocupações sobre os procedimentos para conciliar os conflitos potenciais do plantio e o cuidado das mudas. Nessa oficina, os moradores puderam preparar a própria placa de identificação, utilizando uma tradicional técnica de artesanato: a Pirografia.

O plantio, então, foi realizado nas duas primeiras ruas da ocupação Paulo Freire, considerando o intercalamento entre as árvores e a futura instalação dos postes de energia, ou seja, de um lado da rua seria arborizado e do outro haveria a iluminação pública.

Desdobramentos

No início do ano de 2019, no intuito de mapear a relação estabelecida entre moradores e as mudas plantadas na ocupação, as equipes dos projetos de pesquisa "Resíduos Sólidos" e "Jardins Possíveis" e do Programa “Natureza Política” realizaram uma visita ao território, com a participação da bióloga da VINA envolvida no processo de plantio e dois moradores da Paulo Freire. Segundo constatações feitas em grupo, seria necessário o estabelecimento de novas diretrizes para o engajamento da comunidade para fortalecer o elo entre o processo de infraestrutura da ocupação e a retomada do verde.

Durante este mapeamento, em contato com os moradores, observou-se o interesse e o engajamento de muitos em relação à manutenção de pequenas hortas presentes nas adjacências das residências. Contudo, apesar das propensões ao cuidado, muitas mudas não permaneceram, já outras estavam em estado de abandono sendo assoladas por pragas, matos entre outros. Em tais ações de plantio é normal que haja uma perda de aproximadamente 25%, considerando o tamanho, variações sazonais favoráveis ou não para o êxito da ação. Outro fator observado junto aos moradores, encontra-se na finalidade das hortaliças plantadas, sendo em diversas residências, para chás ou temperos alimentícios.


Financiamento

Público


Atores envolvidos

COPASA; ONG Boi Rosado; VINA; equipes das pesquisas "Resíduos sólidos" e "Jardins Possíveis"; Programa de Extensão Natureza Política; Ocupação Paulo Freire; Moradores da Ocupação Paulo Freire.


Conteúdo da Atividade

Plantio de mudas para arborização da Ocupação Paulo Freire
Plantio de mudas para arborização da Ocupação Paulo Freire. Fonte: Natureza Política, 2018
Jogo do Plantio
Jogo do Plantio. Fonte: Natureza Política, 2018
Crianças manuseando o Jogo do Plantio. Fonte: Natureza Política, 2018
Análise do plantio a partir da maquete da Ocupação Paulo Freire
Análise do plantio a partir da maquete da Ocupação Paulo Freire. Fonte: Natureza Política, 2018
Avaliação do estado das mudas (GT Arborização)
Avaliação do estado das mudas (GT Arborização)
Plantio de mudas para arborização da Ocupação Paulo Freire
Plantio de mudas para arborização da Ocupação Paulo Freire
Plantio Ocupação Paulo Freire
Plantio Ocupação Paulo Freire. Fonte: Natureza Política, 2018

Incidencia política

jun 2019

Implantação de uma horta na Creche Tia Carminha

Dando continuidade ao projeto de “contra-invasão do verde”, em junho de 2019, as equipes da extensão das pesquisas associadas e a VINA se envolveram na implantação de uma horta na creche Tia Carminha, localizada na Ocupação Eliana Silva, uma demanda antiga das coordenadoras da creche. Para que essa ação não se configurasse como uma simples doação de mudas, buscou-se o envolvimento das cuidadoras, bem como das crianças que frequentam a creche.

Desdobramentos

Com objetivo de alinhar as parcerias e fazer uma revisão do processo da construção do Parque das Ocupações - uma vez que a dificuldade de mobilização dos moradores para questões coletivas impossibilitava a efetivação de diversas ações de continuidade ao parque -, houve, no começo de julho de 2019, uma reunião dos atores envolvidos no projeto (movimento social, extensão universitária, empresa e poder público). Assim, acordou-se a criação de quatro grupos de trabalho para incrementar as atividades de campo: GT mobilização, GT urbanização (drenagem e pavimentação), GT arborização, GT reciclagem de resíduos.


Financiamento

Público e Privado


Atores envolvidos

Natureza Política; VINA; Creche Tia Carminha; Ocupação Eliana Silva.


Conteúdo da Atividade

Ação coletiva na horta da creche Tia Carminha
Ação coletiva na horta da creche Tia Carminha. Fonte: Natureza Política, 2019

Formação

jul 2019

GT Arborização

A fim de fomentar a sensibilização sobre a pauta ambiental, o GT mobilização organizou em agosto uma sessão de cinema (Cine Raiz) na Paulo Freire, tendo como temática a agroecologia, seguida de uma roda de conversa. Para atrair os moradores, foi feita canjiquinha e pipoca, com o apoio da VINA na compra dos ingredientes. Apesar do frio e da dificuldade de mobilização, a participação dos moradores foi avaliada pela coordenação dos MLB como sendo significativa.

Como primeira atividade do GT arborização, foi realizada também em agosto uma visita à Ocupação Paulo Freire, no intuito de se fazer uma segunda avaliação das mudas plantadas em novembro de 2018. Constatou-se que algumas mudas tinham morrido, outras estavam disputando espaço com entulhos e materiais de obra, mas muitas haviam sobrevivido e crescido bastante no espaço de tempo de aproximadamente 10 meses. Vale destacar que as árvores que cresceram estavam em frente ou próximas às casas cujos moradores mantêm jardins, pois eles estavam cuidando da adubação e rega das mudas.

Outra ação importante do GT arborização aconteceu no início de setembro, em uma visita à área de preservação localizada entre as ocupações Eliana Silva e Nelson Mandela, na qual foi identificado um cedro de tamanho e idade considerável e foi localizado um poço de criação de peixes, já, inclusive, indicado por moradores na pesquisa "Jardins Possíveis". Nesse dia, foi também feita a coleta de amostras da água das nascentes, para análise laboratorial, cujo resultado acusou a presença de coliformes fecais, ou seja, inapropriado para consumo ou banho. Pela localização da nascente, concluiu-se que a contaminação era consequente, não apenas do esgoto da Eliana Silva, mas também da ausência de rede ampla da COPASA instalada no bairro vizinho localizado a montante do vale das ocupações.

Na sequência, em setembro, os GTs mobilização e arborização organizaram uma trilha pela área de preservação, que contou com a participação de moradores, integrantes do MLB, funcionários da VINA, equipe das pesquisas "Resíduos Sólidos" e "Jardins possíveis", e equipe do Programa Natureza Política. Foi feito o plantio de duas (2) mudas de ipê na região das nascentes visitadas, acompanhado por um piquenique, abrindo simbolicamente o início da primavera do parque e marcando o entendimento dos ciclos da natureza. Novamente, a maior parte dos moradores participantes foi de mulheres e crianças.


Financiamento

Público e Privado


Atores envolvidos

Natureza Política; MLB; VINA.


Conteúdo da Atividade

Trilha pela área de preservação (GTs mobilização e arborização)
Trilha pela área de preservação (GTs mobilização e arborização). Fonte: Natureza Política. 2019
Coleta de amostras da água das nascentes (GT Arborização)
Coleta de amostras da água das nascentes (GT Arborização). Fonte: Natureza Política, 2019
4 meses após o plantio de mudas
4 meses após o plantio de mudas. Fonte: Natureza Política, 2019
4 meses após o plantio de mudas

Oficina

jul 2019

GT Reciclagem de Resíduos

Apesar das engenhosidades mapeadas nas assembleias construídas pelos moradores, percebeu-se ser necessário agregar à prática de coleta de material descartado mais apuro técnico e cuidado com o resultado formal das soluções engendradas, visto que, além da dimensão ambiental, essa frente de ação pretendia incorporar outras pautas, como por exemplo capacitação profissional dos moradores com geração de renda.

Para dar início à oficina, foi acordado que se deveria partir de demandas coletivas existentes na Ocupação Paulo Freire e duas opções foram ventiladas. A primeira se refere ao espaço da coordenação, que hoje acontece em um container estacionado ao lado do campinho de futebol da ocupação. Há um entendimento de que ele deveria ser transferido para a entrada da Ocupação, promovendo ao seu redor uma área de convivência e discussão. Para dar início ao processo, os moradores da Paulo Freire deveriam preparar o local - limpeza do mato, acerto do nível do terreno, etc, para que a equipe da VINA pudesse enviar equipamento Munck para fazer esse deslocamento.

Resultados

Diante dessas condições, foi acordado que a oficina de reciclagem deveria incorporar na suas atividades a produção de estandartes, fantasias e instrumentos musicais. Em ambas as opções, o discurso sobre a importância de preservar o meio ambiente através da gestão e reciclagem de resíduos não se daria como algo desconectado das práticas já em ação no território, mas também não estaria desconectado de uma perspectiva de trabalho e geração de renda, visto que esse é um forte atrativo para a mobilização dos moradores.

Desdobramentos

Foi feita uma fotomontagem dessa nova configuração espacial, na qual foi inserido possibilidades de um mobiliário reciclado, parte dele já produzido pela empresa a partir de tambores e uniformes descartados. Entendia-se que esses itens poderiam ser produzidos na oficina de reciclagem, tanto para compor o novo espaço como para ser vendido, agregando renda aos moradores. Iniciou-se, com isso, a discussão sobre a construção de uma cooperativa de trabalho, com produção de uma identidade visual, inclusive com logomarca para o Parque das Ocupações.

Outra opção por esse GT se referiu à produção de adereços para o bloco de carnaval MLBloco. Vale ressaltar que nos últimos anos o carnaval de Belo Horizonte, além de ter crescido em público, agrega cada vez mais um caráter político, inclusive, na dimensão territorial, tendo em vista que alguns blocos realizam os seus cortejos em bairros periféricos e em ocupações urbanas autoconstruídas. Em 2018, o bloco Filhos de Tcha-Tcha realizou seu cortejo nas ocupações do Barreiro, trazendo para a cena festiva a bandeira do Parque das Ocupações.

Infelizmente, tais atividades foram interrompidas em 2020, em função da pandemia do novo coronavírus.


Financiamento

Público e Privado


Atores envolvidos

Ocupação Paulo Freire; Moradores da Ocupação Paulo Freire; VINA


Conteúdo da Atividade

Formação

mai 2021

Webnário e Disciplinas "Formação Transversal Natureza Política: Rupturas, aproximações e figurações possíveis"

A Formação Transversal Natureza Política: Rupturas, aproximações e figurações possíveis, coordenada pelas professoras responsáveis Marcela Brandão (PRJ/EA-UFMG), Patrícia Azevedo (FTC/EBA-UFMG) e pela professora colaboradora Luciana Bragança (PRJ/EA-UFMG), buscou refletir e construir um entendimento das relações entre natureza, cultura e política em territórios autoconstruídos sob conflitos socioambientais. No mês de junho, a disciplina teve continuidade, seguindo para um momento de produção audiovisual. Nessa etapa, as discussões instigadas pelo Webinário e pelas aulas da professora Patrícia deram base ao desenvolvimento dos trabalhos dos alunos matriculados, que foram incentivados a partir do fio narrativo ÁGUA no Vale das Ocupações. O Webinário Internacional Natureza Política, que aconteceu nos dias 25, 26 e 27 de maio, abriu a disciplina e trouxe nove palestrantes de diversas áreas do conhecimento para debaterem sobre a temática em pauta.

A 1ª sessão do Webinário “Rupturas e Reparações” propôs as seguintes questões para o debate: É pertinente ainda pensar em "natureza" para falar dos seres viventes? Considerando que a sustentabilidade está hoje associada à bases econômicas e à manutenção das explorações coloniais, é possível ainda recorrer a ela como uma forma de possíveis encontros e reparações ? Quais outras ecologias são possíveis?

A 2ª sessão do Webnário "Em Curso" teve como objetivo compartilhar as seguintes inquietações com os participantes: Como potencializar as práticas cotidianas no seu aspecto não capitalizador e, ao mesmo tempo, promover geração de renda para a população mais pobre reforçando tais princípios? Como amplificar o imaginário em curso, associado muitas vezes aos valores capitalistas, sem aplainar as diferenças? Como afirmar o princípio da autonomia freiriana convergindo para a construção de uma rede forte em torno de um objetivo comum? Além das palestras de Roberto Monte-Mór e Viviane Zerlotini, “Em Curso” contou com a presença da coordenadora nacional do MLB, Poliana Souza, que falou sobre as práticas em curso no Vale das Ocupações, onde ela mora atualmente.

Para o terceiro dia, “Entremeios”, partindo da afirmação que as realidades não são dadas exclusivamente pelas estatísticas e mapas oficiais, e que a explicitação de determinados dados em detrimento de outros está, quase sempre, associada a valores e interesses que a antecede, a sessão teve a intenção de discutir: Como construir metodologias de pesquisa capazes de dar visibilidade às práticas em curso nos territórios autoconstruídos, sem qualificá-las previamente a partir de concepções pré definidas? Como afirmar a não neutralidade dos pesquisadores, e, ao mesmo tempo, estar aberto ao desconhecido? Os palestrantes de “Entremeios” foram Marluci Menezes, Denise Morado e Ana Paula de Assis.

Desdobramentos

Os artigos apresentados no Webinário e trabalhos produzidos na disciplina irão compor um e-book, que está sendo finalizado até novembro de 2021. Pretende-se, ainda, que alguns exemplares sejam impressos.


Financiamento

Público


Atores envolvidos

Estudantes; Palestrantes Carlos Smaniotto Costa, Tiago Castelo Branco, Thais de Bhanthumchinda Portela, Poliana Souza, Roberto Monte-Mór, Viviane Zerlotini da Silva, Marluci Menezes, Denise Morado e Ana Paula de Assis


Conteúdo da Atividade

Webnário Natureza Política
Webnário Natureza Política
Participações Webinário Natureza Política
Participações Webinário Natureza Política
Participações Webinário Natureza Política
Participações Webinário Natureza Política
Participações Webinário Natureza Política
Participações Webinário Natureza Política