2019
São Paulo/SP
Plano Popular, autourbanização e regularização da Ocupação Anchieta
Esta prática se refere aos trabalhos de levantamento e análise de dados da Ocupação Anchieta, localizada no distrito do Grajaú, Zona Sul de São Paulo. O trabalho foi desenvolvido pela assessoria técnica Peabiru - Trabalhos Comunitários e Ambientais entre os meses de Outubro de 2019 e Maio de 2020, junto à Associação de Moradores Movimento Anchieta
Regularização Fundiária
Plano Popular/Comunitário
Cartografia Social
Moradia
Assessoria
Nome do território popular
Ocupação Anchieta
Ano da ocupação
2013
Estado
SP
Como a comunidade se identifica
Ocupação Anchieta
Como o estado identifica
Anchieta
Área
220.000m²
História
A ocupação Anchieta é uma ocupação jovem. Seus primeiros moradores chegaram ao local em 27 de julho de 2013, quando emergiam diversos processos de levante popular frente à conjuntura colocada até então. A entrada das famílias em julho de 2013 se deu de forma pulverizada, não havendo no início nenhum movimento social organizado que orientasse a ocupação. Os moradores foram chegando aos poucos e, à medida em que a notícia da ocupação se espalhava, chegavam novos ocupantes, em sua maioria vindos da região. Os dados sobre o motivo da ida para a Ocupação levantados pela equipe da Peabiru entre novembro de 2019 e fevereiro de 2020 apontam que a maioria das pessoas não conseguia pagar os altos preços dos aluguéis. A ocupação vai ocorrendo com a construção de barracos de madeira unifamiliares, concomitantes ao desmatamento da área. Em 15 de agosto de 2013, mesmo ano da ocupação, o Instituto Anchieta Grajaú entra com uma ação judicial de reintegração de posse, com objetivo de remover as famílias do assentamento. Através de uma articulação política, a ocupação ganha visibilidade e em 2016 surge o primeiro contato com a Universidade de Michigan, a partir da relação entre as professoras pesquisadoras com Centro Gaspar Garcia Centro de Direitos Humanos, que era nesse momento um importante aliado na luta pela permanência das moradias no local, realizando a ponte entre as demandas e possíveis colaboradores. (UNIVERSITY OF MICHIGAN, 2017; OLIVEIRA, 2021 )
Caracterização social
- número de famílias
1100
- Tamanho predominante das famílias
3 a 4 integrantes
- Existem dados sobre as idades?
Percebe-se a forte presença de crianças na ocupação, estimadas em aproximadamente 579, em contraste com a baixa população idosa de apenas 152 pessoas. Como as entrevistas nos mostraram, grande parte das famílias do Anchieta está adentrando a vida adulta, formando novas famílias e saindo da casa dos pais ou outros familiares. (OLIVEIRA, 2021)
- Existem dados sobre raças?
A composição étnica também mostra como a frequência da população Negra (pretos e pardos) é muito maior em áreas e moradias em condições precárias em outros locais da cidade, corroborando com os fatos que atestam como o racismo estrutura a sociedade brasileira. Essa composição racial que também se observa na periferia das zonas leste e norte de São Paulo. (OLIVEIRA, 2021)
- Existem dados sobre renda?
19,8% da população tem renda familiar mensal média abaixo de meio salário mínimo (R$522,00), deles, 7,7% informaram não possuir nenhuma fonte de renda. Somente 11,7% das famílias recebem acima de 2 salários mínimos (R$ 2,090,00). Quando olhamos para renda per capita, os números também despertam preocupações . Das 900 famílias analisadas, 31,4% ganhavam até R$250,00 mensais, sendo 11,7% o total de famílias que sobrevivem com até R$89,00 mensais por pessoa. Isso demonstra que a possibilidade de se manter em casas de de aluguel é uma realidade impraticável para a maioria das famílias. A questão da renda e da vulnerabilidade econômica aparece como uma questão importante no processo de formação da ocupação. A incapacidade de continuar pagando aluguel, aliada a perda de emprego ou redução do salário demonstra uma restrição financeira das famílias, impossibilitadas de continuarem em suas antigas casas. (OLIVEIRA, 2021)
- Renda média das famílias
zero_um
- Comente sobre as principais formas de ocupação laboral no território popular
As carências materializadas pela baixíssima renda se justificam quando observamos os dados complementares da desproteção social que envolve os moradores da ocupação. Seus moradores possuem de modo geral uma baixa escolaridade e um elevado grau de precarização nas relações de trabalho, predominando o emprego informal – apenas 27,2% dos moradores tem emprego com carteira assinada e direitos trabalhistas. (OLIVEIRA, 2021)
Organização popular
- Existência de liderança
sim
- Nome da organização
Associação de Moradores Anchieta
- Tipo de organização
associacao_moradores
- Formalização da organização
formal
- Ano de formação da organização
2013
- Descrição do perfil da liderança
No início da ocupação as principais lideranças eram Raquel e André, que ainda nos primeiros meses foram substituídos por Raposão, um líder sindical que acompanhava a ocupação à época. A partir desta mudança na condução da ocupação, os ocupantes passaram a fazer reuniões semanais, aos domingos, e em novembro deliberou-se pela ocupação definitiva do terreno, não mais apenas com as vigílias, como estava ocorrendo. Ainda no primeiro ano, a ocupação contava com uma sede improvisada onde realizava reuniões com os ocupantes e deliberava sobre as ações que deveriam tomar, como manifestações em avenidas, composição em atos unificados, reuniões junto à defensoria pública e outras instancias. A direção da Associação, como se organiza desde 2014, é composta por moradores da própria ocupação e formada por cerca de 10 pessoas, com presidente e vice presidente, secretaria e alguns conselheiros de apoio, com mandatos de dois anos e eleições realizadas por meio de composição de chapas. As campanhas e comunicação da associação com a comunidade acontecem majoritariamente por redes via WhatsApp, além das assembleias que eram feitas regularmente antes da pandemia de COVID-19. (OLIVEIRA, 2021)
- Descrição das principais atividades desenvolvidas
As estratégias para permanência das famílias na ocupação não se restringiram à disputa jurídica. Paralelamente, a Associação de moradores também se articulou politicamente e os laços entre a UNMP e o Movimento Anchieta se estreitaram, fazendo com que a União passasse a orientar as lideranças no Anchieta para uma melhor condução da questão. (OLIVEIRA, 2021)
Caracterização Ambiental
- Presença de Área de Proteção Ambiental (APP)
total
- Relação com área ambiental
A gleba onde está localizada a Ocupação Anchieta possui cerca de 220 mil metros quadrados de terreno, e sobre a área incide a legislação de proteção e recuperação aos mananciais da represa Billings (APRM-B, segundo a lei Estadual Nº13.579/2009). A área de proteção aos mananciais foi definida em 1975, pela Lei de Proteção aos Mananciais (LPM) nº 898/75 e desde então restringe os usos na área incidente como forma de preservar a qualidade das águas das represas Billings e Guarapiranga. A área da Ocupação em si possuía originalmente cerca de 136 mil metros quadrados de Mata Atlântica primária, dos quais boa parte foi desmatada em função da chegada de novos moradores. Dentro do território se encontra ainda a nascente de um córrego que desagua no braço Varginha Cocaia, afluente da represa Billings. (OLIVEIRA, 2021)
- Risco ambiental
alagamento
- Outras informações sobre risco
Erosão; acumulo_lixo
- Relação com corpos hídricos
sim
- Bioma do território
mata_atlantica
- Bacia hidrográfica e caracterização da topografia
A proximidade com a represa Billings trouxe à ocupação uma série de implicações do ponto de vista legal e morfológico. O território compreendido pelo Anchieta está sob o Zoneamento da Área de Proteção e Recuperação dos Mananciais Billings (APRM-B)²² , sendo parte da área de contribuição direta do Córrego Varginha/Cocaia, desaguando na Represa. Pela legislação municipal fruto do Plano Diretor de 2014, o local está sob a Macro área de Redução da Vulnerabilidade Urbana e Recuperação Ambiental.
A área apresenta uma topografia de vale, e no seu centro encontra-se uma nascente, ainda protegida pela mata ciliar que foi a muito custo preservada. Um estudo sobre a topografia do assentamento revela que as linhas de drenagem que cortam a ocupação não seguem necessariamente a malha viária desenhada pelo Movimento no seu processo de autourbanização, escoando pelo interior das quadras e atingindo as edificações. Com a ocupação irregular tirando a proteção ambiental que a vegetação conferia ao terreno, a água passou a assorear o assentamento, e grandes erosões podem ser vistas por todo lado. As valetas improvisadas que comportam o encanamento provisório apresentam grandes aberturas, e no interior das quadras é possível perceber os veios que a água demarca dia após dia. (OLIVEIRA, 2021)
Caracterização Urbana
- Abastecimento de água
rede_irregular
- Outras informações sobre abastecimento de água
Abastecimento regularizado para metade das famílias
- Esgotamento sanitário
esgotamento_fossa_rudimentar
- Pavimentação
sem_pavimentacao
- Existência de beco/viela não carroçável
mais_metade
- Outras informações sobre beco/viela
aproximadamente 2 ruas são carroçáveis
- Drenagem urbana
sem_drenagem
- Iluminação do espaço público
nao_aplica
- Energia elétrica domiciliar
rede_irregular_sem_taxas
- Coleta de lixo
nao
- Acesso à transporte público
sim_suficiente
- Acesso às instituições públicas de ensino
sim
- Outras informações sobre as instituições
EMEF João da Silva
- Acesso à serviços públicos de saúde
sim
- Outras informações sobre os serviços
UBS Anchieta
Caracterização de Propriedade
- Situação fundiária do território
privada
- Condição de propriedade do território
ocupado
Caracterização da Unidade Habitacional
- Material construtivo predominante
madeira
- Tipo de ocupação predominante
unifamiliar
- Número de pavimentos predominante
terreo
Legislação
- Legislação Urbana incidente ou Projeto Urbano
A gleba onde está localizada a Ocupação Anchieta é uma ZEIS tipo 4 de acordo com Plano Diretor Estratégico e o Zoneamento municipal, sendo considerada um vazio com prioridade para produção de habitação de interesse social, mas que não pode atender a famílias de maneira ampla, devendo estar associada a ações de urbanização nas áreas de proteção dos mananciais. Conforme a LE-Billings, o território do Anchieta está localizado sob a Área de Ocupação Dirigida (AOD), na Subárea de Ocupação Especial (SOE). Quanto à legislação municipal, desde o Plano Diretor de 2004 (Lei 13.885/04) a área era uma Zeis-4, o que se manteve mesmo após a sua revisão em 2014, e do posterior Zoneamento, disposto pela Lei 16.402/16.
- Zoneamento especial para fins de moradia social
sim_area_total
Acervo gráfico
Demandas Motivadoras
No processo de articulação para se encontrar saídas para a situação, foram mobilizados órgãos públicos (prefeitura, defensoria pública e CETESB, órgão responsável pelos licenciamentos ambientais), concessionárias de serviços urbanos (Sabesp, responsável pelo abastecimento de água, coleta e tratamento de esgotos, e Enel, responsável pelo fornecimento de energia elétrica), movimentos populares de moradia com maior abrangência (UMM – União de Movimentos de Moradia – e CMP – Central de Movimentos Populares), universidades (UFABC, Universidade de Michigan, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP), bem como empresas e entidades que pudessem elaborar propostas viáveis de urbanização e regularização. A assessoria técnica Peabiru foi chamada a apresentar uma proposta de trabalho e procurou demonstrar a indissociabilidade entre a urbanização, a regularização fundiária, a melhoria ou construção das habitações e a comercialização; a importância de se adotarem os princípios da autogestão, tendo a Associação de moradores como instância representativa dos interesses dos moradores, a partir de quem se procuraria estabelecer processos constantes de diálogo e participação; e uma perspectiva nova de urbanização e regularização por etapas e em setores do território, assumindo um processo que ocorre no tempo e no espaço.
Dificuldades e Contradições
Na tensão pela superação do conflito fundiário, o Instituto busca um meio de comercializar o terreno e, assim, manter o trabalho social que realizam junto a crianças moradoras do bairro. A Associação, por sua vez, quer encontrar uma forma de regularização, de garantia de segurança na posse, adequada às condições socioeconômicas das famílias e que venha junto com uma perspectiva de melhorias urbanas e habitacionais. Previa-se a realização de 2 Etapas, a primeira referente aos levantamentos e leituras da realidade e a segunda mais dedicada ao desenvolvimento dos planos e projetos para negociação da regularização com os diversos órgãos públicos. Em função dos recursos que foram viabilizados, desenvolveu-se apenas a Etapa 1, incluindo a articulação e acompanhamento de algumas reuniões com órgãos públicos e um estudo preliminar de fases de urbanização em um setor exemplar do assentamento.
Atividades desenvolvidas
- Reunião
- Reunião
- Produto
- Oficina
- Formação
- Levantamento
- Levantamento
- Levantamento
- Levantamento
- Produto
- Produto
- Produto
- Assembléia
- Produto
- Produto
- Produto
Reunião
AGO 2021
Reuniões de articulação com Associação de Moradores Anchieta Grajaú
Visitas ao território com a Associação de Moradores Movimento Anchieta Grajaú e reuniões de articulação com associação, com os movimentos populares de abrangência regional e Instituto proprietário, para construção de proposta de trabalho, para viabilização de recursos junto à Universidade de Michigan.
Resultados
"Contrato de trabalho" para realização de levantamentos físicos e socioeconômicos, leituras da realidade e proposta preliminar de plano popular.
Financiamento
Trabalho Militante
Atores envolvidos
Peabiru; Associação de Moradores Movimento Anchieta Grajaú; Instituto Anchieta Grajaú; IAG; UMM/CMP; Universidade de Michigan.
Conteúdo da atividade
Reunião
AGO 2021
Mediação do conflito fundiário
Diálogos entre associação e proprietários, visando superar a situação de conflito fundiário (ação possessória) e viabilizar apoios para a urbanização e regularização fundiária.
Financiamento
Trabalho Militante
Atores envolvidos
Peabiru; Associação de Moradores Movimento Anchieta Grajaú; Instituto Anchieta Grajaú; IAG; UMM/CMP; Universidade de Michigan; Defensoria Pública.
Conteúdo da atividade
Produto
AGO 2021
Construção e pré-teste de instrumental de levantamento socioeconômico
Formulação das questões em aplicativo de banco de dados e estabelecimento de critérios de cadastro e atribuição de numeração indicativa que permitissem posterior georreferenciamento das informações coletadas. Fez-se também uma aplicação teste do instrumental em cerca de 20 casas para avaliação crítica da linguagem, das explicações necessárias não contempladas nas próprias questões e do seu encadeamento. Esse processo de pré-teste foi realizado com parte da equipe de aplicadores dos questionários, com acompanhamento de representantes da associação, que contribuíram para a avaliação, mudanças, inclusão ou exclusão de perguntas.
Financiamento
Público e Privado
Atores envolvidos
Peabiru; Associação de Moradores Movimento Anchieta Grajaú
Conteúdo da atividade
Oficina
AGO 2021
Oficinas com Associação e Moradores
Foram realizadas algumas atividades com os moradores, que iam desde as grandes assembleias (que reuniam até 300 pessoas) até oficinas para diálogo sobre os conceitos tratados e sobre os procedimentos e datas dos levantamentos. Os conceitos de família e domicílio foram debatidos em uma oficina lúdica com cerca de 60 representantes dos setores, que foram selecionados ou indicados pela associação para acompanharem a equipe no trabalho de aplicação. Os resultados preliminares também foram apresentados aos moradores, com atividades corporais para tentar envolver os moradores nos objetivos desses levantamentos.
Financiamento
Público e Privado
Atores envolvidos
Conteúdo da atividade
Formação
AGO 2021
Treinamento da equipe de levantamento
A equipe de levantamento era formada por arquitetos e técnicos sociais da Peabiru e por um grupo de estagiários de arquitetura e urbanismo. Também contamos com a colaboração voluntária de 2 estudantes de ciências sociais da FESP (Fundação Escola de Sociologia e Política). O treinamento incluía orientação sobre a abordagem das famílias, sobre o encadeamento das questões e também sobre o mapeamento de caminhos e identificação dos polígonos dos domicílios pela foto área.
Financiamento
Público e Privado
Atores envolvidos
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Levantamento
AGO 2021
Levantamento Censitário
O levantamento foi realizado a partir de um questionário elaborado pela equipe técnica da Peabiru, com a pretensão de caracterizar o assentamento, levantando questões sobre as condições físicas das edificações, bem como as características socioeconômicas dos ocupantes. Foi constituído de perguntas direcionadas para o responsável pelo comércio, domicílio ou instituição, abrangendo parcialmente os dados sobre os demais familiares. Dados como renda , ocupação, escolaridade, relação com o território e entidades presentes no assentamento, faixa etária dos ocupantes, presença de deficientes, recebimento ou não de benefícios, local de moradia anterior dos moradores, dentre outros foram levantados, possibilitando sistematizações e análises que levam à caracterização das condições de vida, níveis de desproteção social e de possibilidades de enquadramento social para encaminhamentos a programas públicos. A partir do um perfil social dos moradores, traçado com maior precisão pelo levantamento, o objetivo era poder dialogar diretamente com o IAG, que naquele momento mantinha uma ideia de comercialização dos lotes na ocupação. (OLIVEIRA, 2021)
Desdobramentos
A equipe frequentava o assentamento 4 vezes por semana e realizava o levantamento com um instrumental eletrônico pelo aplicativo Memento instalado em celulares, com questões com alternativas fechadas e um campo para comentários dos aplicadores. Essas questões eram preenchidas na passagem de porta a porta das casas e em entrevistas com membros das famílias da ocupação. (OLIVEIRA, 2021)
Financiamento
Público e Privado
Atores envolvidos
Técnicos Peabiru; Estudantes de Arquitetura e Ciências Sociais; Moradores das quadras; Membros da Associação.
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Levantamento
AGO 2021
Levantamento aerofotográfico e Levantamento Planialtimétrico Cadastral
O voo com VANT (Veículo Aéreo Não Tripulado) e levantamento com aerofotos para realização de LEPAC por restituição foi feito por uma equipe de jovens profissionais e estudantes de graduação e pós-graduação da USP, coordenados pelo Prof. Dr. Marcel Fantin do IAU (Instituto de Arquitetura e Urbanismo) e o Grupo Pitá. Esses serviços foram custeados diretamente pelo IAG ao grupo de extensão universitária.
Financiamento
Terceiro Setor
Atores envolvidos
Instituto Anchieta Grajaú; Estudantes de Graduação e Pós-graduação IAU-USP; Prof. Dr. Marcel Fantin; Grupo Pitá.
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Levantamento
AGO 2021
Sistematização e análises georreferenciadas das condições de vulnerabilidade socioeconômica
Depois da fase de aplicação dos questionários e realização dos plantões no local para o “rescaldo”, a equipe realizou alguns testes para avaliar eventuais inconsistências no banco de dados. A partir daí, passou a fazer algumas “perguntas” para os dados e observar o seu potencial analítico. Uma análise mais compreensiva tratou da leitura das condições de vulnerabilidade socioeconômica que cruzou critérios de renda (familiar e per capita) com gênero, raça, escolaridade e formalidade do emprego do(a) responsável pela família, bem como das características das composições familiares, como presença de idosos, doentes crônicos, mais de 2 crianças ou outras que impedem (ou dificultam) outros membros da família de trabalhar ou estudar. Esse material mostra como as famílias da ocupação são ainda mais vulneráveis do que as que estão no entorno do Grajaú ou que vivem em outras regiões da cidade.
Financiamento
Público e Privado
Atores envolvidos
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Levantamento
AGO 2021
Leitura Física Preliminar: sistema viário, declividade do terreno e linhas de drenagem natural
A leitura física do assentamento pode ser feita por indicadores diversos (consolidação das moradias, maciços de vegetação, acessibilidade, condições topográficas, hidrografia). Na medida em que o levantamento censitário demonstrou que havia apenas 23 moradias construídas em alvenaria e que uma grande área verde de 23.600m² às margens de um córrego inicial estava preservada a partir da ação da associação, selecionamos os indicadores de consolidação das vias (ruas, vielas e becos), as condições de declividade a que as casas estavam submetidas e as principais linhas de drenagem natural (talvegues) para uma leitura geral que ajudasse a indicar um trecho crítico e exemplar para a realização de estudos preliminares de intervenção.
Financiamento
Público e Privado
Atores envolvidos
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Produto
AGO 2021
Estudos de Intervenção em fases
O trecho selecionado tem algumas situações de declividade entre 25 e 45%, que são passíveis de consolidação mediante obras de contenção e também se refere a uma quadra que tem uma linha de drenagem natural passando no miolo, deslocada, portanto, do sistema viário. Os problemas do trecho foram confirmados em campo e observamos, mesmo em tempos de estiagem, um fluxo frequente de águas cinzas (esgoto proveniente de tanques e pias, que não são direcionados para as fossas rudimentares). Nesse setor / trecho, desenhamos 2 fases de intervenção: uma primeira fase que remove as moradias que estão sobre a linha de drenagem para a realização de obras de infraestrutura que sirvam para disciplinar a água pluvial, tanto quanto abram espaço para a implantação de rede de esgoto. A segunda fase implica em remoção de mais unidades para reorganização do parcelamento do solo e produção de unidades habitacionais novas em 3 tipologias: construção em lotes urbanizados, unidades sobrepostas assobradadas e condomínio vertical com 5 pavimentos. Também são previstos alargamentos das vias e produção de algumas pequenas praças e áreas verdes para implantação de dispositivos de infraestrutura verde para detenção de águas pluviais.
Financiamento
Público e Privado
Atores envolvidos
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AGO 2021
Estimativa de Custos
Foram estimados os custos de intervenção para toda a área, baseados nos modelos “reurbanização” e “urbanização integral”. O modelo de reurbanização implicaria em substituição total do tecido urbano por unidades habitacionais novas verticalizadas, totalizando 124 milhões de reais. No modelo urbanização integral, prevê-se a implantação de infraestrutura e sistemas de áreas verdes e a realização de melhorias habitacionais em todas as moradias, somando cerca de 68 milhões de reais. Se considerarmos que a urbanização integral também deve produzir unidades verticalizadas no próprio assentamento, visando a manutenção do adensamento habitacional com liberação de áreas para infiltração de água, podemos inferir que essa estimativa de custos para urbanização integral é ainda bastante conservadora. Essas duas alternativas nos dão um parâmetro do tamanho do problema e do volume total de investimentos necessários para a intervenção em todo o assentamento em dois modelos distintos, sendo que o custo da urbanização é praticamente metade do custo de substituir o tecido urbano do assentamento por prédios. Os estudos de intervenção no trecho/setor exemplar também tiveram os seus custos estimados em função de alguns indicadores físicos: comprimento de vias, áreas de lotes (para reparcelamento total ou parcial), moradias a serem removidas, construção de unidades novas em diferentes tipologias. Dessa forma, chegamos à estimativa de 780 milhões para a Fase 1 e 10 milhões de reais para a Fase 2.
Financiamento
Público e Privado
Atores envolvidos
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Produto
AGO 2021
Plano Geral de urbanização
Plano com definição do sistema viário principal, que embasa o processo de pedido de Reurb-S (Regularização Urbanística e Fundiária de Interesse Social) e orienta a autourbanização por trechos.
Resultados
Classificação do assentamento como Reurb-S, como "de interesse social". Trata-se do primeiro passo do processo de Regularização Fundiária.
Financiamento
Atores envolvidos
Peabiru; Associação de Moradores Movimento Anchieta Grajaú; Instituto Anchieta Grajaú; IAG; UMM/CMP; Universidade de Michigan; Prefeitura de São Paulo.
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Assembléia
AGO 2021
Articulação para viabilização de Regularização Fundiária, urbanização e provisão ou melhorias habitacionais
O trabalho desenvolvido também envolveu a articulação e participação em uma série de reuniões. Essas reuniões se intensificaram depois que terminamos os levantamentos em período que coincidiu com o distanciamento social. Foram encontros (presenciais e remotos) para apresentação dos resultados parciais e para traçar estratégias para a regularização fundiária e urbanização, incluindo a possibilidade de realização de obras para execução da rede de esgoto. Abaixo a relação de instituições envolvidas e uma indicação da frequência de reuniões realizadas:Instituto Anchieta Grajaú (IAG): reuniões de frequência quinzenal com a comissão de regularização do instituto ou com o interlocutor Gil Salama, para apresentação dos resultados do trabalho e planejamento de outras articulações visando à regularização e urbanização.Defensoria Pública: reunião presencial no mês de fevereiro para apresentação dos resultados preliminares do levantamento socioeconômico e articulação de reuniões com a Cetesb e Secretaria de Habitação da Prefeitura de São Paulo. Reunião remota em junho para atualização e organização de pauta com a reunião com a Secretaria de Habitação.Sabesp: reunião presencial no segundo semestre de 2019 e remota em junho de 2020, incluindo uma vistoria na área com a equipe de esgoto da Companhia, também realizada no mês de junho.Subprefeitura da Capela do Socorro: reunião com o então Subprefeito Santiago, que esteve presente em uma das assembleias da associação.Coordenadoria de Regularização Fundiária da Secretaria Municipal de Habitação (CRF/SEHAB): reunião remota realizada no mês de junho para traçar as novas estratégias de regularização em função do recente arquivamento dos processos pela Cetesb.
Financiamento
Público e Privado
Atores envolvidos
Peabiru; Associação de Moradores Movimento Anchieta Grajaú; Instituto Anchieta Grajaú; IAG; UMM/CMP; Universidade de Michigan; Defensoria Pública
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Produto
AGO 2021
Regularização Urbanística Fundiária de Interesse Social (REURB-S)
Produção de materiais para serem protocolados junto à CRF/Sehab (Coordenadoria de Regularização Fundiária da Secretaria Municipal de Habitação), Plano de Urbanização, LEPAC, Requerimentos; realização de reuniões com proprietário, órgãos públicos e associação de moradores. Estuda-se a utilização do instrumento da Transferência do Direito de Construir (TDC) para fins de Regularização Fundiária, que está regulamentado no município de São Paulo. Por meio de um certificado emitido pela prefeitura para que o proprietário venda o potencial construtivo no mercado de outorga onerosa, o imóvel ocupado é doado à prefeitura, que assume o processo de regularização e urbanização.
Financiamento
Atores envolvidos
Peabiru; Associação de Moradores Movimento Anchieta Grajaú; Instituto Anchieta Grajaú; IAG; UMM/CMP; Universidade de Michigan; Defensoria Pública; Sehab; Rosane Tierno.
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Produto
AGO 2021
Apoio à autoconstrução
Desenvolvimento de projetos arquitetônicos de casas unifamiliares e sobrepostas para lotes-padrão (4x15, 5x12 e 6x10) e para situações específicas de lotes com formato irregular ou em aclive/declive; Orientação a moradores e a pedreiros.
Financiamento
Atores envolvidos
Peabiru; Associação de Moradores Movimento Anchieta Grajaú; Instituto Anchieta Grajaú; IAG; UMM/CMP; Universidade de Michigan.
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Produto
AGO 2021
Autourbanização Ocupação Anchieta
Processo que inclui detalhamento do parcelamento por trechos, identificação das famílias que interferem na abertura ou melhoria de vias e na viabilização dos lotes definitivos, atualização do cadastro que decorre do levantamento socioeconômico (2019/20), demarcação dos lotes e das vias no local, diálogos sobre as possibilidades de saída temporária e voluntária e de realização das movimentações das casas para construção nos lotes definitivos.
Financiamento
Atores envolvidos
Peabiru; Associação de Moradores Movimento Anchieta Grajaú; Instituto Anchieta Grajaú; IAG; UMM/CMP; Universidade de Michigan.